Ouvidoria apura morte de rapaz durante abordagem por PM

  • Por Estadão Conteúdo
  • 16/06/2016 17h54
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Talita França /Secretaria de Segurança Pública SP Polícia Militar

A Ouvidoria da Polícia do Estado de São Paulo investiga a ação de policiais militares que resultou na morte de Bryan Cristiano Bueno Silva, de 22 anos, durante uma abordagem, na noite do último dia 9, em Ourinhos, no interior de São Paulo. Bryan estava no banco de passageiros de um carro com quatro amigos quando o motorista recebeu ordem de parada. Ao abordar os ocupantes, um policial disparou a arma. O tiro atingiu o rapaz no pescoço e ele morreu na hora.

Os jovens saíam de uma feira agropecuária, e o carro esbarrou em um cone de sinalização, o que fez os policiais suspeitarem de que o motorista estaria embriagado. Nenhum deles tinha antecedentes criminais.

De acordo com a investigação, após o tiro, os policiais tentaram socorrer o rapaz e obrigaram uma ambulância do Serviço de Atendimento Médico de Urgência (Samu), que transportava um doente, a deixar o paciente no local para atender a vítima. Como a médica e a enfermeira se negaram porque o rapaz já estava morto, elas foram ameaçadas de prisão por desacato.

Para o ouvidor Júlio Cesar Fernandes Neves, o socorro à vítima já em óbito teria sido uma forma de alterar a cena do crime e dificultar a investigação. Ao comando da PM, os policiais alegaram que houve um disparo acidental, pois a vítima teria feito um movimento brusco, interpretado como possível reação à abordagem. Os acompanhantes do rapaz disseram que Bryan não esboçou nenhuma reação e estava com o cinto de segurança quando foi atingido. A bala que atingiu Bryan perfurou o cinto. Segundo as testemunhas, o policial agarrou o rapaz pelo colarinho e atirou à queima-roupa. 

Com base nas declarações dos policiais, o comando da PM de Ourinhos abriu investigação por homicídio culposo – sem intenção de matar. O policial foi afastado do trabalho nas ruas até o fim das investigações. Neves informou ter pedido à Procuradoria Geral de Justiça a designação de um promotor criminal para acompanhar o caso. Ele vai denunciar os outros policiais por terem alterado a cena do crime.

Na Polícia Civil de Ourinhos, o caso é investigado pela Delegacia de Investigações Gerais como de homicídio doloso, ou seja, intencional. O delegado Paulo Henrique Carvalho precisou recorrer à Justiça para obter informações da PM sobre o caso.

A equipe de investigação enviou para perícia as imagens de uma câmera de segurança instalada no local da abordagem e também a arma do policial. A Corregedoria da PM informou que o policial foi preso em flagrante e liberado após audiência de custódia.

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