Pacientes detectam melanoma, tipo mais agressivo de câncer de pele, mais cedo

  • Por Estadão Conteúdo
  • 15/01/2017 11h37 - Atualizado em 11/05/2017 16h18
Pacientes são examinados durante campanha do Dia Nacional de Combate ao Câncer de Pele no Hospital Federal de Ipanema.(Fernando Frazão/Agência Brasil) Fernando Frazão/Agência Brasil ABR Dia Nacional de Combate ao Câncer de Pele no Hospital Federal de Ipanema

Tumor geralmente associado a anos ou até décadas de exposição solar sem proteção, o câncer de pele, principalmente o tipo mais agressivo, pode também aparecer cedo. Estudo inédito do A.C. Camargo Cancer Center feito com 997 pacientes diagnosticados com melanoma, a forma mais grave da doença, mostra que um terço deles descobriu a doença antes dos 44 anos.

O dado se justifica, segundo especialistas, pelo fator genético envolvido no aparecimento da doença. Isso porque pessoas com genes que as predispõem a desenvolver o tumor podem ter o câncer mais jovens, mesmo tendo passado por menos episódios de exposição ao sol.

“Geralmente pessoas de pele muito clara e com muitas pintas no corpo têm essa predisposição. Elas costumam ter a doença aos 30 ou 40 anos. Mas, mesmo nos casos em que há esse fator genético, o sol é um importante desencadeador”, explica João Duprat, cirurgião oncologista e diretor do Departamento de Oncologia Cutânea do A.C. Camargo Cancer Center.

A coordenadora de Marketing Priscila Silva Costanzo, de 33 anos, preenche todos esses requisitos e acabou recebendo o diagnóstico da doença quando tinha apenas 28 anos. Ruiva, com muitas sardas e pintas pelo corpo e pele clara, ela dava pouca importância ao filtro solar na adolescência. “Eu tinha zero preocupação, não passava protetor, queria ficar morena e achava que tomar um pouco de sol no verão sem filtro solar não ia dar problema”, conta.

Essa exposição intermitente, ou seja, situações em que a pessoa aproveita só o fim de semana ou o verão para tomar muito sol sem proteção, é a mais perigosa, segundo Duprat, porque pode gerar queimaduras e aumentar o risco de câncer. “A pessoa fica a semana inteira dentro do escritório e depois quer compensar em pouco tempo.”

O fator genético também mostrou-se presente no caso de Priscila. Em 2005, sete anos antes da descoberta da doença, o pai também teve melanoma. “Foi por causa da doença dele que eu desconfiei que poderia ter. Notei uma pinta estranha no meu braço, que começou a crescer e a descascar. O médico achou que não era nada, mas pediu a biópsia e descobri que era melanoma também. Foi um choque na família porque apareceu muito cedo”, diz.

O diagnóstico de melanoma assusta porque é o tipo de câncer de pele mais propenso a provocar metástases. Quando descoberto em estágio avançado, pode se espalhar para órgãos como fígado, pulmão e linfonodos e levar à morte. Como Priscila descobriu o tumor no início, a simples remoção cirúrgica da lesão a curou, mas há casos em que são necessários tratamentos adicionais, como quimioterapia e imunoterapia.

Embora seja um câncer agressivo, o melanoma costuma demorar algum tempo até provocar estrago. “O período varia muito, mas ele costuma evoluir em dois ou três anos, ou seja, tempo suficiente para que as pessoas notem algo estranho e procurem um médico”, afirma Duprat. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Comentários

Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.