Pais de 43 desaparecidos em Iguala questionam identificação de outro jovem
Cidade do México, 17 set (EFE).- O porta-voz dos pais dos 43 estudantes desaparecidos há quase um ano em Iguala, no sul do México, Felipe de la Cruz, afirmou nesta quinta-feira que não há “certeza” suficiente para garantir que os restos achados em um lixão seja de um dos meninos, como afirmou um relatório científico.
“(A confiabilidade) dos resultados é muito baixa. No relatório (da procuradoria), se fala de moderado, e não de de 100% de segurança” na identificação do estudante Jhosivani Guerrero de la Cruz, desaparecido em 26 de setembro de 2014 junto com 42 colegas nesse município do estado de Guerrero, disse a Rádio Fórmula.
Para De la Cruz, “há menos certeza” nestes resultados revelados pela procuradoria geral da República (PGR) do que no caso dos restos do também estudante Alexander Mora Venancio, identificado em dezembro.
O relatório apresentado pela Universidade de Innsbruck (da Áustria), encarregado de analisar os restos mortais, identificou 72 pontos de coincidência genética no caso de Jhosivani entre os restos e o DNA de seus familiares, enquanto no de Alexander foram 1.201.
“Enquanto não houver 100% de certeza, temos que continuar com o processo de investigação. Para nós não são os restos de Jhosivani”, declarou o porta-voz.
Ele acrescentou que “há uma probabilidade” de ser o estudante de 19 anos da Escola Normal Rural de Ayotzinapa, mas acusou o governo de “mentir desde o início”.
De la Cruz explicou que o método utilizado foi o mitocondrial, e não o nuclear, onde “só há o DNA da mãe” que não permite comparar “com outros familiares”.
Ontem a procuradoria mexicana informou que a investigação realizada em Innsbruck sobre os restos achados no lixão de Cocula, município que faz divisa com Iguala, e no Rio San Juan, onde as cinzas teriam sido jogadas em uma bolsa, oferecia “indícios” de que alguns dos materiais corresponderia a outro dos 43 estudantes desaparecidos.
O Instituto de Medicina Legal da Universidade de Innsbruck confirmou hoje a identificação dos restos do segundo dos 43 estudantes, mediante um método de tecnologia mais avançado que o nuclear, por causa do mau estado em que estavam os restos humanos estudados.
“Uma amostra coincidiu plenamente com os restos do estudante identificado anteriormente, e a outra amostra coincidiu com o DNA da família de outro estudante mexicano desaparecido”, neste caso de Jhosivani Guerrero de la Cruz, detalhou o instituto austríaco em um boletim.
Segundo a versão da PGR, em 26 de setembro do ano passado os 43 jovens foram detidos por autoridades corruptas e entregues a membros do cartel Guerreros Unidos, que os assassinaram e depois os incineraram em Cocula.
O Grupo Interdisciplinar de Analistas Independentes (GIEI) da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) que invetsigou o caso durante seis meses apresentou em 6 de setembro um relatório que afirmava não haver informação suficiente para garantir que os jovens tenham sido queimados no lixão. EFE
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