Pais de 43 desaparecidos no México destroem urnas antes de eleições
Os pais dos 43 alunos desaparecidos da Escola Normal de Ayotzinapa iniciaram o boicote contra as eleições locais e federais deste domingo (07) com a queima de material eleitoral no município de Tixtla, no sul do México.
Um grupo se reuniu bem cedo para visitar cada um dos colégios eleitorais e pedir aos funcionários que lhes entregassem as urnas onde os cidadãos deveriam depositar seu voto para escolher governador, prefeito, deputados locais e federais.
Os presidentes das zonas eleitorais lhes entregaram as urnas sem oferecer resistência, tal como lhes tinha instruído o Instituto Nacional Eleitoral (INE) em caso de conflito, e os manifestantes as recolheram para queimar todo o material em uma fogueira.
A abertura das zonas eleitorais estava prevista para as 8h (horário local, 10h de Brasília), da mesma forma que na maior parte do país, onde 83,5 milhões de mexicanos estão convocados às urnas para escolher 2.016 cargos, entre eles 500 deputados federais e nove governadores.
O grupo de manifestantes convenceu os funcionários das zonas eleitorais, que são cidadãos preparados para assumir essa tarefa, lhes dizendo que no dia de amanhã poderiam ser seus familiares os desaparecidos.
Enquanto queimavam as urnas e ao grito de palavras de ordem como “Ayotzinapa vive, a luta segue” e “Não vamos permitir a farsa eleitoral”, os pais dos 43 jovens desaparecidos disseram que fariam o mesmo protesto nas 54 zonas eleitorais do município.
Segundo a investigação oficial, na noite do último dia 26 de setembro policiais corruptos detiveram 43 estudantes da Escola Normal Rural de Ayotzinapa e os entregaram a membros do crime organizado, que supostamente os assassinaram e incineraram seus corpos.
Seus pais e companheiros de escola, que rejeitam esta versão e exigem a aparição com vida dos 43 jovens, pediram o boicote dos pleitos de hoje por considerar que são uma farsa e neles participam políticos envolvidos com os cartéis das drogas.
Para este domingo estão previstas outras atividades de protesto, como a tomada de edifícios oficiais e o bloqueio de estradas por parte de professores da Coordenadoria Estadual de Trabalhadores da Educação de Guerrero (Ceteg), que também convocaram um boicote em todo o estado.
As forças de segurança instalaram várias blitze na estrada para revistar cada carro que vai em direção de Chilpancingo, a capital estadual, a fim de evitar que os estudantes possam sair do município para protagonizar atos violentos nessa cidade.
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