Países intensificam pesquisas para produção de vacina contra o ebola
Isabel Saco.
Genebra, 21 out (EFE).- As pesquisas para a produção de vacinas contra o ebola se intensificaram em vários países, com testes clínicos que começaram ou estão a ponto de serem iniciados e outros exames previstos para a primeira parte do próximo ano.
A diretora-geral de Sistemas de Saúde e Inovação da Organização Mundial da Saúde (OMS), Marie-Paule Kieny, confirmou nesta terça-feira que em dezembro sairão os resultados dos exames com as duas vacinas mais avançadas, que se forem positivos permitirão seu envio a partir de janeiro aos três países africanos afetados pela doença.
O vírus do ebola circula de maneira intensa em Libéria, Serra Leoa e Guiné, onde a OMS espera poder passar a uma segunda fase de testes clínicos, em maior escala, no começo de 2015.
A última apuração de casos indica que há 9.191 infectados, dos quais 4.546 morreram. Kieny revelou que metade dos testes com a vacina NIAID/GSK, desenvolvida pela companhia farmacêutica GlaxoSmithKline; e os com a VSV-EBOV, produzida pela Agência de Saúde Pública do Canadá, acontecerá na Suíça, nas cidades de Lausanne e Genebra, respectivamente.
Os demais voluntários que vão participar dos exames estarão em Estados Unidos, Reino Unido, Alemanha e outros países africanos. Além disso, companhias e laboratórios em diversos países tentam avançar em vacinas próprias, disse Kieny.
A diretora revelou que há outros laboratórios que trabalham em um tipo de vacina produzida em células de insetos e que pode ser testada no primeiro trimestre de 2015.
Kieny também disse que a Rússia trabalha no desenvolvimento de outra vacina, mas neste caso acrescentou que está à espera do esclarecimento de algumas informações com as autoridades locais para analisar quando poderá ser testada.
Sobre a política aplicada nos testes clínicos, Kieny esclareceu que os voluntários não são remunerados, mas têm as despesas pessoais reembolsadas.
O objetivo da primeira fase dos exames com as vacinas candidatas é garantir que são seguras para os seres humanos e determinar se realmente produzem algum tipo de resposta imunológica no organismo. Além disso, os testes iniciais com 250 voluntários para cada vacina permitirão estabelecer qual dose é necessária.
No entanto, esses fatores não serão suficientes para determinar se uma ou mais vacinas funcionam, já que sua eficácia só poderá ser determinada em uma segunda fase que inclua muitos mais voluntários expostos ao vírus do ebola nos três países onde circula.
Por isso, Kieny reconheceu que embora as vacinas sejam eficazes, levará “meses” para conter e dar por encerrada a epidemia de ebola.
“Há muitas suposições, não sabemos se (as vacinas) são seguras, se funcionam e, se realmente funcionam, se são 100% eficazes, o que é raro. A vacina contra o sarampo é 98% eficaz, e a do rotavírus, 40%”, explicou.
Kieny explicou que a produção em grande escala de vacinas exigiria um investimento de “centenas de milhões” de dólares, independentemente de se o preço de cada dose for de alguns centavos ou de algumas unidades de dólar. EFE
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