Países latino-americanos se sobressaem na redução da mortalidade materna
Isabel Saco
Genebra, 6 mai (EFE).- A região da América Latina se sobressai na redução da mortalidade materna que é observada desde 1990, mas com 77 mortes por cada 100 mil nascidos vivos ainda está bastante longe dos níveis dos países desenvolvidos, onde a taxa média é de 16 falecimentos.
Estes novos dados foram divulgados nesta terça-feira pela Organização Mundial da Saúde (OMS), como parte de estatísticas mundiais que deixam claro que a mortalidade materna continua sendo reflexo da brecha entre ricos e pobres.
No conjunto de países de economias desenvolvidas (independentemente da crise que possam atravessar), o risco de mortalidade materna é de 1 entre 3,7 mil, frente a 1 entre 160 no mundo em desenvolvimento, de 1 entre 38 em África Subsaariana e 1 entre 570 na América Latina.
Na África Subsaariana ocorrem 62% de todas as mortes maternas do mundo.
Os dados anunciados hoje mostram também os dramáticos números que correspondem a dois países: Índia (17%) e Nigéria (14%).
Segundo as estatísticas que foram divulgadas hoje e que passam a ser as de referência mundial na matéria, a mortalidade materna reduziu 45% no mundo desde 1990 e é medida por uma taxa de 210 mortes de mulheres por cada 100 mil nascidos vivos.
Em termos absolutos, as complicações na gravidez, no momento do parto ou nas semanas posteriores causaram a morte de 289 mil mulheres no ano passado, das quais 286 mil viviam em países em desenvolvimento.
Na América Latina, vários países deram passos muito significativos para atalhar a mortalidade materna, como o Uruguai, que no período 1990-2013 conseguiu reduzi-la em 67%; Peru, em 64%; Chile, em 60%, e Guatemala, em 49% .
O Brasil também avançou de maneira notável nesta área, com uma redução da mortalidade materna de 43%, enquanto no Equador o nível caiu 44%, e em El Salvador 39% .
O estudo da OMS apresentou, além disso, pela primeira vez, informações mais precisas sobre as causas de mortes maternas, que em 28% dos casos se devem à existência de doenças crônicas prévias.
Foi estabelecido que uma em cada quatros mortes são causadas por patologias preexistentes, como o diabetes, a obesidade, a malária ou a aids, cujo impacto sobre a saúde da mulher pode se agravar com a gravidez.
Outra causa fundamental de falecimento no parto é o sangramento severo, que provoca 27% de casos.
A pressão elevada relacionada com a gravidez é responsável por 14% das mortes; as infecções, 11%; a obstrução do trabalho de parto e outras causas diretas, de 9% ; as complicações por abortos, de 8%, e as embolias, de 3%.
Ao analisar os resultados do estudo, a coordenadora do Departamento de Saúde Reprodutiva da OMS, Lale Say, anotou que as gravidezes não desejadas, particularmente de adolescentes ou mulheres muito jovens, são um fator de risco de mortalidade materna.
Isto se aplica particularmente à América Latina, onde as complicações relacionadas com o aborto são mais significativas com relação a qualquer outra região e provocam 10% do total de mortes maternas.
As desordens relacionados com a hipertensão constituem outra causa importante de mortalidade materna nos países latino-americanos.
De maneira geral, o pouco ou nenhum acesso à informação reprodutiva e métodos de anticoncepção conduz a gravidezes entre mulheres muito jovens ou gravidezes seguidas demais, o que gera riscos específicos como o de hemorragia durante o parto.
Nos países desenvolvidos, o problema é inverso na medida em que as mulheres decidem ter filhos cada vez mais tarde e, embora não tenha sido identificado que isto seja uma causa direta de mortalidade, quanto mais velha é a mulheres aumenta sua probabilidade de padecer alguma doença crônica, como diabetes.
“É um problema estar grávida muito jovem, mas também é estar muito velha”, reconheceu a diretora do Departamento de Saúde Reprodutiva da OMS, Marleen Temmerman. EFE
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