Palestina lança primeira estratégia de exportação nacional
María Sevilhano
Ramala (Cisjordânia), 1 jun (EFE).- A Palestina apresentou nesta segunda-feira a primeira Estratégia Nacional de Exportação, um plano de cinco anos que procura integrar a economia local no mercado internacional, ao mesmo tempo que promove o desenvolvimento econômico e social da região.
A iniciativa foi lançada oficialmente em Ramala pelo primeiro-ministro palestino, Rami Hamdala, junto ao presidente do Centro de Comércio Palestino PalTrade, Ibrahim Barham, e é fruto de uma tripla coalizão que reúne o setor público, o privado e doadores.
Além disso, a iniciativa contou com o apoio técnico do Centro de Comércio Internacional (CCI) da ONU e financeiro da União Europeia (UE).
Hamdala disse que a nova estratégia “é uma ferramenta chave para mobilizar as exportações” e ressaltou que com sua implementação, os palestinos esperam um crescimento de 67%, com uma taxa anual de 13% em cinco anos.
O líder palestino enumerou os setores que serão beneficiados por este impulso às exportações: o de processamento da carne, calçado e couro, frutas, vegetais e ervas, mobília, tecnologia da informação e de comunicação (TIC), azeite de oliva, pedra e mármore, têxteis e turismo.
Entre os objetivos da estratégia figuram a redução da dependência do mercado israelense como principal receptor de exportações palestinas e a criação de postos de trabalho.
“Levará a uma melhora do acesso palestino aos materiais de construção, reduzirá o déficit de comércio e a dependência do mercado israelense como principal destino de nossas exportações”, apontou o chefe do governo palestino, que ressaltou seu beneficente impacto na redução da pobreza mediante a criação de emprego.
Barham, na liderança da agência palestina de exportações, apontou que se pretende conseguir “um desenvolvimento sustentável das exportações como pedra fundamental de uma economia independente”.
“Apoiá-lo requer uma economia nacional completa capaz de fazer frente às tentativas israelenses de subjugar nossa economia e assim reduzir nossa dependência do exterior”, disse Barham.
Atualmente, a Palestina sofre com um déficit comercial que lhe obriga a importar grande parte dos bens de consumo, além de ter como principais compradores de suas exportações a Israel e países de uma região marcada pela instabilidade política.
Para mudar estas dinâmicas, cerca de 150 atores (empresas públicas, setor privado e doadores) estão envolvidos nesta estratégia supervisionada por um comitê de exportações público-privado que já foi criado.
“Buscam exportar mais, exportar melhor e exportar a mais países”, resume à Agência Efe a diretora do CCI, a espanhola Arancha González.
A ideia é “fixar uma série de metas no campo do comércio, desde melhorar a capacidade produtiva das pequenas e médias empresas até como conectá-las com os mercados”, continua González, que estima que, se for colocado em prática, o plano poderia aumentar as exportações da Palestina da ordem de US$ 700 bilhões nos próximos 50 anos.
No entanto, sua implementação enfrenta, entre outros desafios, o acesso ao financiamento, o correto desenvolvimento de um tecido empresarial e produtivo interno e impedimentos burocráticas dentro e fora das fronteiras da Palestina sob controle de Israel, que impede o acesso aos recursos dentro da conhecida como Área C, que abrange mais de 60% dos territórios ocupados.
“Não podemos ter uma estratégia de exportação palestina isolada dos sérios desafios políticos que existem”, argumentou à Efe o representante da UE na zona, John Gatt-Rutter.
Gatt-Rutter precisou que vários estados comunitários trabalham com as autoridades israelenses para suspender e aliviar as restrições “porque, sem isto, a economia palestina tem muito poucas oportunidades de desenvolvimento”. EFE
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