Palestinos e israelenses retomam os contatos sem mediação dos EUA
Jerusalém, 13 abr (EFE).- Palestinos e israelenses retomaram neste domingo os contatos sem a presença dos Estados Unidos, em um novo esforço para salvar do colapso o processo de paz iniciado pelo secretário de Estado americano, John Kerry.
Segundo meios de comunicação locais, na reunião participam o chefe negociador palestino, Saeb Erekat, acompanhado pelo chefe da Inteligência, Majid Faraj, e sua colega israelense, a ministra da Justiça, Tzipi Livni, junto a Isaac Molho, enviado especial do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu.
O encontro, que não contou com a presença de Martin Indyk, representante especial de Washington, é realizado no clima de alta tensão que existe em Israel desde que os parceiros mais direitistas do Executivo anunciaram sua oposição a qualquer acordo que inclua a comprometida libertação de presos palestinos.
Tanto Avigdor Lieberman, o ultradireitista ministro das Relações Exteriores, como Naftalí Bennett, titular de Finanças e líder ultranacionalista, se opõem à libertação do último rodízio de 104 presos ao qual Israel se comprometeu antes do início do presente diálogo.
Bennett, que representa os interesses dos colonos judeus, inclusive ameaçou se retirar da coalizão e causar assim a queda do Executivo e a realização de novos pleitos, apenas um ano depois dos últimos.
Em entrevista publicada neste domingo pelo jornal “Yedioth Ahronoth”, a própria Livni acusou o líder ultranacionalista, que propõe a anexação de territórios na Cisjordânia como solução, de trabalhar contra da paz.
Ambas as equipes tinham se reunido pela última vez na quinta-feira, na presença de Indyk, antes que este partisse rumo a Washington para consultas.
O objetivo agora é conseguir uma ampliação das conversas, além da data limite estabelecida de 29 de abril, uma tarefa complicada por conta das medidas adotadas pelas duas partes nos últimos 15 dias.
À decisão israelense de não cumprir com seu compromisso de libertar o último rodízio de presos, os palestinos responderam com a assinatura da solicitação de adesão a uma quinzena de organismos e tratados internacionais.
Israel, por sua parte, reagiu com o anúncio de novas construções nas colônias e a ruptura de toda colaboração com os palestinos, exceto no terreno da segurança.
Além disso, o país revelou que congelará a transferência dos impostos recolhidos à Autoridade Nacional Palestina, cerca de 100 milhões de euros mensais que representam uma parte proporcional muito elevada do orçamento da ANP.
Apesar disso, os palestinos se declaram decididos a seguir adiante com a via do reconhecimento através da ONU e outros organismos internacionais, algo que Israel trata de evitar e que os Estados Unidos também não vê com bons olhos. EFE
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