Papa admite “erro” em relação com o caso Vatileaks 2

  • Por Agência EFE
  • 30/11/2015 20h56
EFE Papa Francisco

O papa considerou nesta segunda-feira “um erro” a escolha para desempenhar cargos no Vaticano de pessoas atualmente acusadas pela divulgação de segredos e garantiu que continuará com seu “trabalho de limpar” a Igreja da corrupção.

“Um erro foi cometido. Lúcio Vallejo entrou na COSEA (Comissão Investigadora dos Organismos Econômicos e Administrativos da Santa Sé) por ser o secretário da Prefeitura de Assuntos Econômicos”, disse o pontífice.

“Como ela (Francesca Chaouqui) entrou? Não tenho certeza, mas acredito que não me equivoco se digo que foi ele quem a apresentou como uma mulher que conhecia o mundo das relações comerciais”, acrescentou.

O pontífice fez estas declarações durante o voo de volta de sua viagem à África, segundo o jornal italiano “La Stampa”, e com elas se referiu ao processo que se desenrola no Vaticano pela subtração, difusão e publicação de material confidencial da Santa Sé.

No julgamento estão acusados o monsenhor espanhol Lúcio Vallejo, a ex-relações públicas Francesca Chaouqui e o antigo membro da COSEA, Nicola Maio, assim como Gianluigi Nuzzi e Emiliano Fittipaldi, os jornalistas que publicaram os segredos em diferentes livros.

O papa assinalou que Vallejo e Chaouqui trabalharam juntos até que a COSEA concluiu sua missão de investigar as contas da Cúria.

“Os membros da COSEA permaneceram em alguns cargos do Vaticano. A senhora Chaouqui não ficou no Vaticano. Alguns dizem que se chateou por isso. Os juízes nos dirão a verdade sobre os fatos”, considerou.

Francisco indicou que para ele “não foi uma surpresa” e que não “perdeu o sono” porque “isso demonstra o trabalho que se começou com a comissão de nove cardeais, buscar a corrupção e as coisas que não funcionam”.

Neste sentido, manifestou sua decisão de “continuar junto com os cardeais e as comissões o trabalho de limpeza” empreendida na Santa Sé e lembrou as palavras de seu antecessor, Bento XVI, que falou da “sujeira da Igreja”.

Os dois jornalistas envolvidos consideraram este julgamento como um ataque à liberdade de informação e, a este respeito, Francisco defendeu uma “imprensa livre, laica e também confessional, mas profissional”.

“O profissionalismo da imprensa pode ser laico ou confessional: o importante é que haja profissionais e que as notícias não sejam manipuladas. Para mim é importante porque a denúncia das injustiças e da corrupção é um bom trabalho”, ressaltou.

Por fim, o papa acrescentou que “a imprensa profissional deve dizer tudo, mas sem cair nos três pecados mais comuns: a desinformação, ou seja, dizer só a metade da verdade; a calúnia, quando não é profissional e mancha as pessoas, e a difamação, ou seja coisas que acabam com a reputação de uma pessoa”.

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