Papa completa um ano de pontificado marcado por reformas e perfil acessível

  • Por Agencia EFE
  • 11/03/2014 16h24
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Carmen Postigo.

Cidade do Vaticano, 11 mar (EFE).- O papa Francisco completa um ano de pontificado marcado pelas reformas na Cúria, pela abertura da Igreja e por suas demonstrações de simplicidade e proximidade do povo, o que lhe garante enorme carisma, como demonstrado pelos milhares de peregrinos que vão à Praça de São Pedro semanalmente.

Francisco, de 77 anos, um jesuíta de coração franciscano, logo após se apresentar aos fiéis disse ao mundo que quer ser um papa “a serviço dos outros”, que sonha com uma igreja “pobre e para os pobres” e aberta ao mundo, tanto que encorajou os religiosos a abrir os conventos vazios para hospedar refugiados.

A primeira atitude do papa, eleito em 13 de março, foi se livrar de luxos. Escolheu sapatos pretos, e não os tradicionais vermelhos papais, e vive na residência Santa Marta, uma dependência do Vaticano, junto com bispos e sacerdotes, preterindo os frios apartamentos do Palácio Apostólico.

A simplicidade, no entanto, não impediu o religioso argentino de ter coragem na hora de reformar a Cúria “doente” – nas palavras de Bento XVI.

O trabalho começou com a nomeação de secretário de Estado do até então núncio na Venezuela, o italiano Pietro Parolin, de 58 anos, em substituição ao cardeal Tarcisio Bertone, que foi atingido pelo escândalo do vazamento dos documentos sigilosos do Vaticano.

Em 5 de julho de 2013, Francisco apresentou a encíclica sobre a fé “Lumen Fidei”, iniciada por seu antecessor Bento XVI, que não chegou a terminá-la por ter renunciado ao pontificado em 28 de fevereiro daquele ano.

Trata-se de uma encíclica a “quatro mãos” e assinada por Francisco, embora a minuta de Bento XVI seja “um documento forte, um grande trabalho”, segundo o papa, que ressaltou a necessidade de recuperar a fé no mundo atual, no qual é vista “como um salto no vazio que impede a liberdade do homem”.

Outra decisão do papa foi a nomeação de uma comissão de investigação para reformar o chamado Banco do Vaticano, o Instituto para as Obras de Religião (IOR), envolvido há anos em vários escândalos financeiros.

O pontífice criou essa comissão com carta branca para investigar tudo que acontecer no IOR e constituiu, além disso, outro grupo de estudo para reformar a estrutura econômica administrativa da Santa Sé.

Francisco publicou, além disso, um “motu proprio” (decisão pessoal do papa) que deu continuidade ao aprovado por Bento XVI incluindo medidas para a prevenção e a luta contra a lavagem de dinheiro, o financiamento do terrorismo e a proliferação de armas de destruição em massa.

Com outro “motu proprio” sob o nome “Fidelis dispensator et prudens” (Administrador fiel e prudente), anunciou em 24 de fevereiro a criação de uma “Secretaria para a Economia”, que será encarregada de tramitar todas as atividades econômicas e administrativas da Santa Sé e do Estado do Vaticano.

A criação do ministério foi feita após as recomendações da comissão encarregada de abordar a estrutura econômica e administrativa da Santa Sé (COSEA), que foram aprovadas pelo conselho de cardeais nomeados pelo papa para reformar a Cúria, o chamado “G8 vaticano”, e pela Comissão G-15.

Para muitos, Francisco representou uma primavera para a Igreja após anos de escândalo que Bento XVI sofreu em silêncio.

Seu magistério é simples, o papa se mostra como um pastor perto de suas ovelhas, na linha simples que Jesus mostrava. Os fiéis veem no argentino um pontífice humilde e próximo aos pobres e aos mais frágeis e um papa no qual se pode olhar nos olhos.

Sua personalidade impulsiva e suas improvisações encantam católicos, membros de outras religiões e até laicos.

Os admiradores gostam de seus passeios pela Praça de São Pedro, quando cumprimenta e beija crianças e doentes, dos seus telefonemas para pessoas necessitadas, suas contínuas exortações pelo fim da guerra na Síria como a imponente vigília realizada em 7 de setembro, das mensagens diárias no Twitter e do tempo que passa cercado de pessoas.

Francisco quer que os sacerdotes façam o mesmo e os encoraja a se misturar ao povo, a sair da igreja e buscar o que ele chama “igreja da periferia” – em resumo, a ser pastores dos mais pobres.

Por sua postura, o papa mantém os seguranças em alerta, e ele mesmo revelou que de vez em quando é recriminado no Vaticano por ser “indisciplinado”.

No entanto, neste primeiro ano de pontificado de Francisco, a igreja passou de “assediada por milhares de problemas a uma igreja que se abriu”, disse Pietro Parolin. EFE

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