Papa critica países com privilégios na ONU e organismos financeiros

  • Por Agencia EFE
  • 25/09/2015 14h41

Javier Alonso.

Nações Unidas, 25 set (EFE).- O papa reivindicou nesta sexta-feira o fim dos privilégios de alguns países na tomada de decisões na Organização das Nações Unidas (ONU) e os organismos financeiros que ditam medidas que causam “abuso e mau uso” de recursos nos países em desenvolvimento.

Francisco fez um histórico discurso nas Nações Unidas, o primeiro par um grupo tão grande de líderes mundiais na Assembleia Geral, e denunciou o abuso e a destruição do meio ambiente que precisam parar a partir de “passos concretos e medidas imediatas”.

Ao secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, Francisco disse claramente que é preciso acabar com o privilégio que os cinco membros permanentes de seu Conselho de Segurança (China, Estados Unidos, Rússia, França e Reino Unido) desfrutam.

“Os Organismos Financeiros Internacionais devem velar pelo desenvolvimento sustentável dos países, evitando uma dependência sufocante desses países a sistemas de crédito que, longe de promover o progresso, submetem as populações a mecanismos de maior pobreza, exclusão e dependência”, disse o pontífice criticando também os organismos financeiros.

Para o papa, o objetivo deve ser conceder a todos os países, sem exceção, uma participação e uma incidência real e equitativa nas decisões.

Francisco reprovou o que chamou de “falsos direitos”, que se opõem a “grandes setores indefesos, vítimas de um mau exercício de poder”. Segundo ele, é preciso “afirmar com convicção” os direitos de mulheres e homens excluídos.

Como previsto, ele pediu para que na próxima Conferência do Clima em Paris, no fim do ano, sejam alcançados acordos “fundamentais e eficazes” e falou do conceito do “direito do ambiente” porque “qualquer dano ao ambiente é prejuízo à humanidade”.

“Nós vivemos em comunhão com ele (o meio ambiente), uma vez que ele mesmo tem limites éticos que a atividade humana deve reconhecer e respeitar”, declarou.

O papa lembrou que católicos e fiéis de outras religiões monoteístas acreditam que o universo é resultado de uma decisão do Criador e que o homem pode servir-se respeitosamente da criação.

“Mas não se pode abusar dela e muito menos está autorizado a destruí-la”, destacou.

Ele elogiou a existência da ONU, mas criticou as consequências do “descumprimento” das normas internacionais que dela emanam.

“Quando se confunde a norma com um simples instrumento, para utilizar quando é favorável e para se esquivar quando não o é, se abre uma verdadeira caixa de Pandora de forças incontroláveis, que prejudicam gravemente os povos desarmados, o ambiente cultural e inclusive o ambiente biológico”, disse o papa.

Francisco ressaltou que a paz está no preâmbulo e no primeiro artigo da Carta das Nações Unidas e que, por isso, é ainda mais contraditório permitir a proliferação das armas de destruição em massa, sobretudo as nucleares. Ele defendeu a “total proibição” destes armamentos, já que implicam uma ética e um direito que são “fraude a toda a construção das Nações Unidas”, que se transformariam assim em “nações unidas pelo medo e pela desconfiança”.

Como líder espiritual dos católicos, ele reivindicou o “direito primário das famílias a educar, e o direito das Igrejas e de grupos sociais a sustentar e colaborar com as famílias na formação de seus filhos e filhas”.

Em prol da dignidade e para manter uma família, o papa chamou a atenção dos governantes mundiais para que fizessem o possível para que todos tenham, ao menos, uma base material e espiritual.

“A nível material, este mínimo absoluto tem três nomes: casa, trabalho e terra. E, a nível espiritual, um nome: liberdade do espírito, que inclui a liberdade religiosa, o direito à educação e os outros direitos civis”, disse ele. EFE

jam/cdr

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