Papa diz que poucas oportunidades de trabalho favorecem a escravidão moderna

  • Por Agencia EFE
  • 10/12/2014 11h29

Cidade do Vaticano, 10 dez (EFE).- O papa Francisco considera que as “poucas” oportunidades de trabalho contribuem para o surgimento de formas de escravidão moderna, segundo a mensagem que pronunciará no dia 1º de janeiro, antecipada nesta quarta-feira pelo Vaticano.

Segundo o papa, as empresas devem oferecer aos funcionários “condições de trabalho dignas e salários adequados”. O pontífice critica como forma de opressão moderna “a corrupção dos que são dispostos a fazer qualquer coisa para enriquecer”.

O papa passará essa mensagem quando realizar a 48ª Jornada Mundial da Paz o primeiro dia do próximo ano.

O pontífice menciona como causas da “escravidão moderna” a pobreza, o subdesenvolvimento e a exclusão, somadas à falta de acesso à educação ou “a uma realidade caracterizada pelas poucas, para não dizer inexistentes, oportunidades de trabalho”.

O papa denuncia que a corrupção “ocorre quando no centro de um sistema econômico está o deus dinheiro e não o homem, a pessoa”.

Como formas de escravidão moderna ele cita a prostituição e o tráfico de órgãos, e ressalta que “o direito de toda pessoa a não ser submetida à escravidão ou à servidão” deve ser “reconhecido no direito internacional como norma irrevogável”.

O papa Francisco se refere em sua mensagem aos “muitos emigrantes que, em sua dramática viagem, sofrem com a fome, se privam da liberdade, perdem seus bens ou são abusados física e sexualmente”.

Imigrantes que “após uma viagem dificílima e com medo e insegurança, são detidos em condições às vezes desumanas” e se “são obrigados à clandestinidade por diferentes motivos sociais, políticos e econômicos” ou, “para permanecer dentro da lei, aceitam viver e trabalhar em condições inadmissíveis”.

O papa também se refere aos “conflitos armados, à violência, ao crime e ao terrorismo” para citar “outras causas da escravidão” e insiste em que “muitas pessoas são sequestradas para serem vendidas ou recrutadas como combatentes ou exploradas sexualmente, enquanto outras são obrigadas a emigrar, deixando tudo que possuem”.

O pontífice lamenta que essas pessoas se vejam inclinadas “a buscar uma alternativa” e corram “o risco de entrar nesse círculo vicioso que as transforma em vítimas da miséria, da corrupção e de suas consequências”.

A mensagem também conta com uma chamada a todos os cidadãos, órgãos internacionais e chefes de Estado e de governo para que unam seus esforços na luta contra a “escravidão contemporânea” e para que “não sejam cúmplices deste mal”.

Segundo o papa Francisco, os países “devem monitorar para que a legislação nacional em matéria de migração, trabalho, adoções, deslocamento de empresas e comercialização dos produtos elaborados com a exploração do trabalho, respeitem a dignidade da pessoa”.

Os Estados devem garantir a utilização de “mecanismos de segurança eficazes para controlar a aplicação correta” das leis para que não haja espaço para “a corrupção e a impunidade”. EFE

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