Papa Francisco chega ao Equador 30 anos após João Paulo II

  • Por Agencia EFE
  • 03/07/2015 17h45

Susana Madera.

Quito, 3 jul (EFE).- Em clima de grande expectativa e 30 anos depois da chegada de João Paulo II a Quito, os equatorianos se preparam para receber Francisco entre os dias 5 e 8 deste mês para uma visita que conta com mais adeptos do que opositores em um país majoritariamente católico e que deve mobilizar milhares de fiéis.

João Paulo II, o papa peregrino, desembarcou no Equador, um Estado laico, em 1985, quando o país andino era governado pelo conservador León Febres Cordero, do Partido Social Cristão.

Desde aquela visita, outros dois presidentes terminaram mandatos de quatro anos e outros sete se sucederam em uma década, em meio a uma situação de instabilidade política que, em 2006, culminou na vitória eleitoral de Rafael Correa, que entrou na arena política longe dos partidos tradicionais.

Correa, que era presidente da associação estudantil da Faculdade de Economia da Universidade Católica de Guayaquil quando João Paulo II visitou o Equador, receberá o pontífice em julho na qualidade de chefe de Estado.

Primeiro papa latino-americano da história, o argentino Francisco será hóspede durante quatro dias de um país cujo governo é dirigido há oito anos por Correa, que se define como um humanista cristão de esquerda.

No aspecto econômico, uma das principais características do Equador que em 1985 recebeu João Paulo II era a existência de moeda própria, o sucre, que, após uma das piores crises financeiras do país, deu lugar, em 2000, ao dólar como padrão de câmbio.

A economia dolarizada do Equador que recebe agora Francisco soube contornar as recentes crises econômicas mundiais, e Correa destacou que seu país registrou nos últimos anos bons índices de crescimento.

Na esfera política, os partidos tradicionais de 1985 foram relegados a segundo plano, enquanto os movimentos políticos ganharam protagonismo.

O avanço das redes sociais deu voz a cidadãos que fizeram da rede o alto-falante de críticas e afagos a políticas sociais, econômicas e de comunicação, e a transformaram também no centro de debates sobre assuntos como a visita de Francisco.

Embora os que apoiam a chegada do papa ao Equador estejam em maior número, há quem questione as despesas com a visita, especialmente em uma época na qual as autoridades pediram austeridade por causa das dificuldades derivadas da queda do preço do petróleo no mercado internacional.

Em relação à luta contra a discriminação e a favor da igualdade, o Equador que espera Francisco apresenta avanços em relação ao que recebeu João Paulo II, entre eles uma maior participação das mulheres em áreas como a política.

O atual Equador luta com maior abertura contra a homofobia em uma sociedade considerada ainda conservadora e que busca conseguir a igualdade de direitos dentro da diversidade.

Com a Constituição de 2008, foi reconhecida a “família em seus diversos tipos” e “a união estável e monogâmica entre duas pessoas livres de vínculo matrimonial que formem um lar de fato”.

Na própria Carta Magna se esclarece que o casamento é a união entre homem e mulher e se especifica que a adoção corresponderá apenas a casais de gêneros diferentes, temas que ativistas mantêm em primeira linha de sua agenda de busca por mudanças. EFE

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