Papa Francisco leva mensagem de reconciliação ao Sri Lanka
Cristina Cabrejas.
Cidade do Vaticano, 9 jan (EFE).- Em sua visita ao Sri Lanka, um país onde os cristãos são minoria, o papa espera levar um espírito conciliador após anos de conflito civil, tornando-se o primeiro pontífice a pisar em território tâmil, no norte do país.
“A visita do papa Francisco trará unidade e paz ao Sri Lanka. É preciso ter fé”, disse o arcebispo da capital Colombo, o cardeal Malcolm Ranjith, dias antes da chegada do papa.
Francisco começará nesta segunda-feira com uma visita ao antigo Ceilão sua viagem à Ásia, e depois irá para as Filipinas.
Ao contrário das Filipinas, no Sri Lanka a maioria é budista e os cristãos representam apenas 6% da população, pouco mais de um milhão de pessoas.
Por isso, a mensagem de Francisco será de encorajar a população cristã, e em um gesto sem precedentes ele se tornará o primeiro papa a visitar o território de maioria tâmil, que durante mais de 20 anos lutou por um Estado independente no norte do país.
Francisco realizará em 14 de janeiro uma missa no Santuário de Madhu, onde se encontrará com famílias tâmeis cristãs vítimas da guerra, que insistiram para que a visita acontecesse, apesar do local estar a 260 quilômetros ao norte de Colombo.
A Igreja Católica no Sri Lanka se empenhou durante todo o conflito para que o Santuário de Madhu, lugar de peregrinações de milhares de pessoas, fosse reconhecido como uma “zona de paz”. E apesar do território tâmil ter sido alvo de vários bombardeios, o templo permaneceu intacto.
Apesar do clima de esperança, algumas famílias tâmeis de Mullivikkal disseram à agência vaticana “Asianews” que no “norte ainda não há paz nem liberdade”, e por isso desejam que o “papa realize a visita, reze com a população e conheça as vítimas da guerra civil”.
Na quarta-feira, dia 14 de janeiro, o papa celebrará no Galle Face Green, em Colombo, a missa de canonização do beato José Vaz, que se transformará assim no primeiro santo do país.
“A canonização do beato José Vaz e a visita do papa ao santuário de Nossa Senhora de Madhu ajudará a estabelecer a unidade, levando o amor de Deus ao povo do norte, cujas vidas foram destruídas por anos de guerra civil”, disse o cardeal Ranjith.
Além disso, será realizado um encontro inter-religioso no Bandaranaike Memorial International Conference Hall e, na quinta-feira, dia 15 de janeiro, o papa terminará sua visita ao Sri Lanka com uma oração na capela de “Nossa Senhora de Lanka”, em Bolawalana.
O papa chegará ao Sri Lanka em um momento delicado, pois ontem foi realizada às eleições presidenciais no país. Acredita-se que o voto da minoria cristã possa ser decisivo caso a votação esteja acirrada.
Por isso, algumas associações cristãs criticaram a decisão do presidente em fim de mandato e candidato à reeleição, Mahinda Rajapaksa, de antecipar as eleições presidenciais para 8 de janeiro, apenas cinco dias antes da chegada de Francisco, ao considerar que o governante estava “instrumentalizando a visita”.
O arcebispo de Colombo, no entanto, disse que “ambos os candidatos presidenciais, Rajapaksa e Maithripala Sirisen, asseguraram à Conferência Episcopal que não haverá problemas depois da votação e um ambiente tranquilo prevalecerá”. EFE
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