Papa Francisco viaja à Terra Santa meio século depois de Paulo VI

  • Por Agencia EFE
  • 21/05/2014 18h55

Javier Alonso.

Cidade do Vaticano, 21 mai (EFE).- Na primeira viagem internacional decidida pessoalmente pelo papa Francisco, o pontífice seguirá os passos da histórica peregrinação de Paulo VI na Terra Santa há 50 anos: visitará Amã, Belém e Jerusalém e realizará uma missa no Cenáculo.

Francisco será o quarto papa a visitar esse simbólico território para o cristianismo, após Paulo VI, João Paulo II e Bento XVI.

Paulo VI (1963-1978), cuja beatificação em 19 de outubro foi anunciada pelo próprio Francisco recentemente, viajou à terra de Jesus de 4 a 6 de janeiro de 1964. Aquela foi a primeira viagem de um papa pelo mundo, três anos antes da Guerra dos Seis Dias e quando o Vaticano ainda não reconhecia o Estado de Israel.

Agora, um papa irá entrar pela primeira vez no território do “Estado da Palestina”, como destacou a Santa Sé ao apresentar esta breve viagem, já que a ONU aceitou em 2012 a inclusão como observador e com essa denominação oficial.

Quando Paulo VI visitou a região na Cidade Antiga de Jerusalém, no leste, ela era parte do reino da Jordânia, que Israel ocupou após a Guerra dos Seis Dias, em 1967, junto com outros territórios árabes. O então papa, que não passou nem uma só noite em território israelense, também iniciou sua viagem na Jordânia, celebrou uma missa em Nazaré e visitou os santuários cristãos em Cafarnaum e Tabgha, no Lago Tiberíades.

Ele caminhou a pé pelas estreitas ruas da Via Dolorosa e o Monte das Oliveiras, também em Jerusalém, se reuniu com o patriarca ortodoxo Atenágoras I de Constantinopla, em um sinal de impulso à ideia ecumênica de unidade dos cristãos, nascida em 1962 à luz do Concílio Vaticano II.

O papa Francisco chegará a Amã no dia 24. Após aterrissar no aeroporto da capital jordaniana, irá ao palácio real onde o rei Abdullah II o receberá oficialmente e ambos pronunciarão seus discursos.

Depois, Francisco irá celebrar a missa no mesmo estádio em que já estiveram João Paulo II e Bento XVI em suas respectivas visitas. Lá, dará a primeira comunhão a 1.400 crianças e, depois, irá ao Rio Jordão, onde Jesus foi batizado.

Na Igreja Latina em Betânia, às margens do rio, participará de um encontro com 600 refugiados e doentes. O papa pronunciará um discurso e, em seguida, irá para a Nunciatura de Amã, onde passará a noite.

No domingo, irá de helicóptero da capital jordaniana a Belém, onde receberá o presidente palestino, Mahmoud Abbas, e se reunirá com as autoridades. Em seguida, irá celebrar uma missa ao ar livre na Praça da Manjedoura, no local onde, segundo a Bíblia, Jesus nasceu.

Em um dos raros momentos sozinho, Francisco visitará a Gruta da Natividade e, depois, cumprimentará no campo de refugiados de Dheisheh as crianças que vivem no local, assim como nos campos de Aida e Beit Jibrin.

A visita a Israel começará no domingo em Tel Aviv. Posteriormente, Francisco irá ao Monte Scopus, para depois ter uma reunião com o Patriarca Ecumênico de Constantinopla na delegação apostólica de Jerusalém. Esse será um encontro fechado no mesmo lugar onde há 50 anos mantiveram sua reunião o papa Paulo VI e o Patriarca, e ambos assinarão uma declaração conjunta.

Durante a tarde do mesmo dia, o papa realizará um ato ecumênico no Santo Sepulcro, ao lado de representantes das outras confissões presentes na Terra Santa, com uma oração comum, evento qualificado de histórico e sem precedentes nesse local.

Na segunda-feira, o papa visitará o grão-mufti de Jerusalém, Amin al-Husayni, no edifício do Grande Conselho na Esplanada das Mesquitas e, depois, Francisco protagonizará outro momento simbólico: a visita ao Muro das Lamentações, onde deixará uma mensagem, como é o costume.

Também está prevista a visita ao memorial Yad Vashem, que lembra o genocídio judeu durante a Segunda Guerra Mundial, além da reunião com os dois grandes rabinos de Israel no centro Heichal Shlomo.

Ao todo, o pontífice fará, em três dias, 14 discursos e andará no papamóvel descoberto em Amã e Belém, porém em Jerusalém, informou o porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi. EFE

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