Papa, ONU, OEA e governos concordam: a Venezuela precisa dialogar

  • Por Agencia EFE
  • 26/02/2014 19h23
  • BlueSky

Bogotá, 26 fev (EFE).- O papa Francisco, os secretários gerais da ONU e da OEA, outros líderes internacionais e vários governos pediram nesta quarta-feira o fim da violência e a abertura de um diálogo na Venezuela, onde os protestos antigovernamentais já deixaram 13 mortos segundo números oficiais.

“Sigo com particular apreensão o que está ocorrendo estes dias na Venezuela, espero que cessem o mais rápido possível a violência e as hostilidades e, principalmente, que o povo venezuelano, a partir dos políticos e as instituições, cheguem à reconciliação”, disse o papa durante a tradicional audiência das quartas-feiras.

O pontífice pediu ainda “um diálogo sincero” para uma “justiça que enfrente temas concretos para o bem comum”.

Já o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, se declarou “entristecido” pelo que acontece na Venezuela e disse que espera “gestos concretos” de todas as partes para reduzir a polarização e iniciar um “diálogo significativo para que se restaure completamente a calma em todo o país o mais rápido possível.”

O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, convocou para hoje uma Conferência Nacional de Paz, mas a oposição se recusou a participar por considerar que se trata de “um simulacro de diálogo” e uma “brincadeira” com os venezuelanos.

O secretário-geral da ONU pediu também a proteção dos direitos humanos “de todos os venezuelanos” e que os cidadãos do país expressem suas diferenças “pacificamente e de acordo com a lei”.

Em artigo publicado hoje, o secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), José Miguel Insulza, afirma que as “divisões profundas” na sociedade venezuelana só podem ser resolvidas por meio de um diálogo “aberto e franco” entre o governo e a oposição.

A “ausência de conversas, a surdez política e a atitude confrontadora”, prossegue o secretário-geral da OEA, “só conseguem prolongar o conflito, aumentar a animosidade e aumentar dia a dia o número de cidadãos mortos e feridos”.

Insulza diz que toda a região “olha com preocupação” o que está ocorrendo, porque “um agravamento da situação na Venezuela teria efeitos econômicos e políticos não menores”.

Precisamente hoje na OEA foi suspensa temporariamente uma reunião do Conselho Permanente na qual amanhã se trataria a proposta do Panamá para que se reúnam os chanceleres dos países-membros para debater a situação na Venezuela.

A razão da suspensão foi uma solicitação do embaixador da Venezuela na OEA, Roy Chaderton, que alegou que tinha sido violado um artigo do regulamento, por ter sido convocada uma reunião sem estar fisicamente presente em Washington o presidente do Conselho Permanente, o representante dominicano Pedro Vergés.

Devido a essa objeção, a convocação foi suspensa temporariamente, mas está previsto que Vergés retome as gestões para voltar a convocar a reunião quando retornar à capital americana hoje mesmo, anteciparam à Agência Efe fontes da OEA.

A Venezuela acusou na quinta-feira passada o Panamá de intrometer-se em seus assuntos internos e chamou para consultas sua embaixadora no país, Elena Salcedo, depois que a chancelaria panamenha pediu à sociedade venezuelana o início de um diálogo “sem pré-condições” como a “via ideal” para solucionar a crise.

Uma fonte do Centro Carter em Caracas disse hoje à Efe que o ex-presidente dos Estados Unidos, Jimmy Carter, enviou cartas ao presidente Maduro e ao líder opositor Henrique Capriles, porque está preocupado com “a perda de vidas humanas” e “espera que os venezuelanos possam ativar seus próprios mecanismos de diálogo e colaboração para fazer frente aos problemas do país”.

O comunicado destaca, além disso, o respeito do ex-presidente pelo “direito ao protesto pacífico”.

Quanto à proposta do Panamá de reunir os chanceleres da OEA, a ministra de Relações Exteriores colombiana, María Ángela Holguín, assinalou que o governo de Juan Manuel Santos está de acordo com “promover o diálogo na Venezuela”.

Já o Brasil optou por defender o princípio da “não ingerência em assuntos internos” na reunião extraordinária que convocou o Conselho Permanente da OEA para analisar a crise na Venezuela, disse um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores.

A fonte consultada pela Efe reiterou que o Brasil “observa com atenção” o desenvolvimento da crise e ressaltou a “preocupação” já manifestada pelo governo de Dilma Rousseff em relação com a violência nas ruas da Venezuela.

Por outro lado, o chanceler venezuelano, Elías Jaua, iniciou hoje em La Paz uma viagem pelos países-membros do Mercosul para informar aos presidentes destas nações a situação atual na Venezuela e agradecer o “solidário apoio” ao governo.

Após uma reunião com o presidente Evo Morales e com o chanceler boliviano, David Choquehuanca, Jaua viajará hoje mesmo a Assunção, e depois visitará Argentina, Uruguai e Brasil. EFE

  • BlueSky

Comentários

Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.