Papa se encontra com uma multidão em sua visita à Coreia do Sul

  • Por Agencia EFE
  • 15/08/2014 11h42

(corrige título)

Ramón Abarca.

Tóquio, 15 ago (EFE).- No segundo dia de sua histórica viagem à Coreia do Sul, o papa Francisco se encontrou com uma multidão e adotou um tom social ao fazer um apelo contra “o materialismo” e os “modelos econômicos desumanos”.

Tratava-se de seu primeiro grande ato na Ásia, um continente que ainda não tinha visitado, e Francisco aproveitou a missa da Assunção da virgem Maria no estádio de Daejeon (centro) para emitir uma mensagem contra a idolatria da riqueza e o crescimento desmedido.

“Desejo que os jovens possam combater o encantamento de um materialismo que afoga os autênticos valores espirituais e culturais, assim como o espírito da concorrência desenfreada, que gera egoísmo e luta”, disse o papa durante sua homilia para 50 mil pessoas.

Após a quinta-feira em Seul, na qual se limitou a ter encontros privados ou institucionais, o pontífice pôde comprovar hoje a paixão que também desperta na Coreia do Sul, um país de 50 milhões de habitantes que conta com cerca de 10% de católicos.

Francisco, que hoje voltou a surpreender os sul-coreanos ao escolher o trem bala para viajar pelo país em vez de um helicóptero – embora tenha sido simplesmente por questões meteorológicas -, entrou no estádio da Copa do Mundo de 2002 completamente repleto em um “papamóvel” branco sem proteção e foi recebido com grande entusiasmo ao grito de “Viva o papa”.

Entre os presentes estavam cerca de 30 familiares de vítimas do naufrágio do navio Sewol, que em abril passado causou mais de 300 mortos, a maioria estudantes.

O papa, que mencionou durante sua homilia este fato que comoveu de maneira especial o país, quis recebê-los antes da cerimônia durante alguns minutos para oferecer-lhes seus pêsames e consolo, um encontro “muito emotivo” e “reconfortante”, segundo descreveram os familiares.

Durante a reunião, o pai de uma das vítimas pediu ao papa que lhe batizasse e, após um momento de confusão, Francisco decidiu que o faria de maneira privada na manhã do sábado na sede da Nunciatura, informou Federico Lombardi, porta-voz do Vaticano, que a qualificou como uma “situação extraordinária e maravilhosa”.

O contato com os fiéis seguiu durante a tarde quando Francisco foi até Dangjin (oeste) para participar da VI Jornada da Juventude Asiática, onde 6.000 jovens de 23 países o receberam como a uma estrela do rock.

Durante o encontro com os jovens católicos do continente mais povoado do mundo, muitas de cujas nações crescem a um ritmo frenético, o papa advertiu sobre o perigo das injustiças sociais.

“Preocupa a crescente desigualdade em nossas sociedades entre ricos e pobres. Vemos sinais de idolatria da riqueza, do poder e do prazer, obtidos a um preço altíssimo para a vida dos homens”, assegurou Francisco em inglês.

O papa ressaltou que “é como se um deserto espiritual se estivesse propagando por todas as partes”, o que considerou que “afeta também os jovens, roubando-lhes a esperança e, em tantos casos, inclusive a própria vida”.

Durante o contato com os jovens Francisco pareceu se cansar de ler o discurso em inglês e começou a se dirigir de maneira improvisada.

Francisco pediu um momento de silêncio para rezar pelos vizinhos da Coreia do Norte, “para que Deus lhes ajude a ser uma só família de novo, sem perdedores ou ganhadores”.

Após um dia dedicado a comentários mais sociais ou meramente religiosos, com isso o pontífice voltou a se referir às tensões na dividida península da Coreia depois que ontem, logo após chegar a Seul, fez um apelo pela paz e pela reconciliação dos coreanos.

A atualidade internacional também foi comentada na visita quando o papa, através de sua conta no Twitter, se referiu à situação de violência no Iraque.

“Parte meu coração quando penso nas crianças do Iraque. Que a Virgem Maria, nossa Mãe, os proteja”, dizia o tuíte do pontífice argentino de 77 anos. EFE

raa/ma

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