Paquistão confirma encontro com talibãs afegãos para abordar processo de paz
O Paquistão confirmou, nesta terça-feira, que teve, na semana passada, contatos com uma delegação dos talibãs afegãos para discutir o processo de paz na região, paralisado desde 2015 e que, segundo as autoridades paquistanesas, levará tempo para ser retomado.
“Foram contatos exploratórios”, disse Shartaj Aziz, assessor das Relações Exteriores do primeiro-ministro paquistanês, Nawaz Sharif, em um encontro com os jornalistas em Islamabad, capital do país.
Aziz indicou que os membros do Grupo A Quatro (G4) formado por Estados Unidos, China, Paquistão e Afeganistão, que buscam um roteiro para pôr fim ao conflito, que começou em 2001, têm contatos com os talibãs afegãos para retomar as conversas de paz.
“Nós temos contatos (com os talibãs). Os Estados Unidos tem proximidade com o escritório do Catar (dos talibãs). A China tem seus próprios intermediários. O Alto Conselho da Paz tem de procurar soluções”, explicou.
Aziz afirmou que, dada a recusa dos insurgentes a dialogar, o governo afegão recorre a “outras opções”, já que o estado sustenta que a via militar não deu resultados nos últimos 14 anos.
“O processo de paz não poderá ser alcançado em duas ou quatro semanas. Precisa-se de tempo. Devemos trabalhar nisso, já que não vemos outra alternativa para levar a paz ao Afeganistão”, afirmou.
Na semana passada, veículos de imprensa paquistaneses e afegãos informaram da chegada ao Paquistão de uma delegação de insurgentes para discutir o processo de paz.
As autoridades paquistanesas afirmaram então não saber disso e os talibãs garantiram que estavam no país vizinho para falar da libertação de presos insurgentes.
As informações sobre o encontro foram reveladas horas depois de o presidente afegão, Ashraf Ghani, expressar sua desesperança com a mediação do Paquistão e ameaçar ir ao Conselho de Segurança da ONU se Islamabad não tomasse medidas contra os insurgentes que estão em seu território.
O governo afegão e os rebeldes se reuniram, em julho do ano passado, no Paquistão, o início de um processo que foi interrompido após a divulgação de que o mulá Omar, líder fundador dos talibãs, tinha morrido em 2013.
A formação, liderada agora pelo mulá Mansur, reiterou, mês passado, que não participará de conversas de paz a menos que suas reivindicações sejam cumpridas, como o fim da presença de tropas internacionais no Afeganistão.
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