Para Comissão Europeia, Putin mudar de ideia “pode ajudar” a reduzir tensão
Bruxelas, 8 mai (EFE).- A Comissão Europeia (CE) afirmou nesta quinta-feira que a mudança de opinião do presidente da Rússia, Vladimir Putin, sobre a realização de eleições presidenciais na Ucrânia “pode ajudar” a diminuir a tensão na zona.
“Ficamos satisfeitos com as declarações de Putin sobre vários assuntos”, em relação à aceitação das eleições ucranianas de 25 de maio, seu apelo para adiar o referendo local convocado por milícias pró-Rússia para esse domingo no leste do país e seu anúncio de que retirará as tropas russas concentradas nas fronteiras com a Ucrânia, indicou a porta-voz comunitária, Maja Kocijancic.
“É uma mudança que pode ajudar a aliviar a situação. Acompanharemos os eventos no terreno muito de perto para ver se os fatos acompanham às palavras”, especificou a porta-voz durante a entrevista coletiva diária da CE.
Segundo Maja, a UE insiste em que as eleições presidenciais aconteçam em um contexto “de liberdade” e em que dito referendo separatista não se celebre na data em que foi convocado “nem em nenhuma outra”: “Apoiamos a integridade territorial da Ucrânia, e (o plebiscito) não teria legitimidade democrática e só levaria a piorar a situação”, disse.
Além disso, a porta-voz reiterou o pedido da União à Rússia para “que retire o mandato” do Senado russo que autorizou o uso de tropas na Ucrânia, e para que Moscou “se concentre em implementar o acordo de Genebra” de 17 de abril, inicie o diálogo com Kiev e contribua ao fim da violência e de as “ações provocadoras”.
Nesse sentido, Maja disse que a UE “está aberta a qualquer iniciativa que contribuísse para o fim de violência e ajudasse a aliviar a situação”, como pode ser uma segunda conferência de Genebra que dê continuidade à primeira, que reuniu à Rússia, Ucrânia, Estados Unidos e a UE para buscar uma solução negociada à crise ucraniana e nas relações entre Kiev e Moscou.
“Estamos muito comprometidos nessa direção, mas neste momento não posso confirmar nenhuma data” para uma possível segunda conferência, disse.
Perguntada pelo Conselho de ministros das Relações Exteriores da UE que será realizado na segunda-feira em Bruxelas, no qual poderiam ser adotadas novas sanções a pessoas ou empresas russas ou ucranianas implicadas na ameaça à soberania da Ucrânia, a porta-voz indicou: “Não posso especular sobre o que farão os ministros na segunda-feira”.
Afirmou que “manterão um debate sobre a situação com todos os novos elementos” que se observam, por sua vez assegurou que, em qualquer caso, “o trabalho preparatório de novas medidas restritivas está em andamento”.
Maja confirmou que a UE prepara atualmente mais medidas em relação às que já estão “em aplicação”, que consistem no congelamento de bens e proibição de altos cargos russos e ucranianos viajarem para território comunitário.
Fontes da UE especificaram que os países pediram para ampliar a base jurídica das sanções para poder incluir na lista negra a empresas desapropriadas na península ucraniana da Crimeia, anexada pela Rússia, e, lá, as companhias russas que se transformaram em seus novos proprietários.
Até agora, o fundamento legal das medidas aplicadas só permite estendê-las a empresas ligadas a pessoas que já estivessem na lista de sancionados.
Os ministros decidirão na segunda-feira, portanto, a possibilidade de incluir novos nomes na lista.
Sobre a possibilidade de aplicar sanções de cunho econômico à Rússia, Maja disse: “Não posso dar nenhum detalhe concreto, porque o trabalho segue em nível de analistas” na CE, em consulta com outras instituições da UE e dos Estados-membros. EFE
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