Para especialistas, maior dificuldade para mudar Enem será infraestrutura

  • Por Estadão Conteúdo
  • 19/01/2017 11h07
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Salvador- BA- Brasil- 25/07/2016- As escolas estaduais estão intensificando as atividades na preparação dos estudantes para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), que acontece 5 e 6 de novembro deste ano. No Colégio Estadual Ruben Dário, no bairro de San Martin, em Salvador, a semana será de simulados. Para abranger todas as áreas do conhecimento, as provas começaram nesta segunda-feira (25) e prosseguem até quinta (28), oportunizando aos alunos do 3º ano do Ensino Médio e da Educação Profissional vivenciar situações semelhantes às do dia da avaliação. Com o sonho de cursar Medicina, Leonardo Alves, 17 anos, destaca que o simulado contribui para aumentar a sua confiança. “Podemos avaliar nosso conhecimento e rever os pontos que precisamos melhorar. Também temos o apoio dos professores, que são bastante solícitos. Por meio de grupos online, realizamos uma troca de temas e assuntos que estão em mais evidência no momento. Isso nos deixa ainda mais preparados”. Entusiasmado com a possibilidade de cursar Engenharia Química, Wallace Santos, 18, afirma que o aluno não pode se contentar apenas com o que aprende na sala de aula. “Estamos tendo a oportunidade de aperfeiçoar o nosso conhecimento com diversas atividades. Além da escola, os colegas se reúnem em grupos de estudo para podermos já obter, nos simulados, um bom resultado, nos capacitando a realizar uma boa prova do Enem”. O professor de Língua Portuguesa, Antônio Almeida, diz que o suporte da unidade escolar é fundamental para o bom desempenho do estudante. “Fazemos um trabalho sempre visando o que é aplicado no exame. Com certeza, estas atividades dão uma maior oportunidade aos nossos alunos e os estimulam a concorrer em situação de igualdade com qualquer candidato. Além do simulado, a escola realiza as Olimpíadas de Matemática e Português, assim como o Clube de Leitura, desenvolvendo a interpretação de texto”. A Secretaria da Educação disponibiliza par Suami Dias/GOVBA Alunos

As mudanças no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) anunciadas na quarta-feira (18), pelo Ministério da Educação (MEC) agradaram os especialistas, que dizem que as propostas já são discutidas há vários anos e são um “caminho natural” do exame. Está sendo discutido, por exemplo, que o exame seja realizado em um só dia, em vez de um fim de semana todo, e que seja feito pela internet. 

A dificuldade, avaliam, será a implementação de toda a infraestrutura necessária. Outro problema é manter a qualidade técnica da prova. 

A superintendente do Centro de Estudos e pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária (Cenpec), Anna Helena Altenfelder, elogiou a ideia de colocar as possíveis mudanças como consulta pública e diz que as medidas podem ser positivas para o exame. “O Enem digital é uma tendência irreversível, traz uma diminuição de custo”, disse.

Sobre a mudança da prova para apenas um dia, destacou que o mais importante é garantir a qualidade técnica da prova.

Para o economista e ex-presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) Reynaldo Fernandes, o desafio é ter infraestrutura adequada para qualquer tipo de mudança. “O exame online não é o problema, mas haverá estrutura para isso? As pessoas não poderão fazer a prova da casa delas porque deixaria a prova insegura. Haverá computadores para 8 milhões de pessoas?”, afirmou.

Ele ressaltou que a mudança no número de dias da prova também deve ser olhada sob o aspecto técnico. “Vai ter de reduzir a prova. É isso que se quer? Vão ser eliminadas algumas matérias? Sob o ponto de vista logístico, evidentemente é melhor que se faça em um dia, mas é preciso tornar o tamanho da prova compatível e discutir isto tecnicamente.”

O coordenador da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, Daniel Cara, destacou que as ideias apresentadas não são novas e que é preciso ser apresentado o projeto piloto do Enem online para que verificar se, de fato, haverá redução de custos.

Sobre a prova ser feita em um dia, ele vê a mudança como positiva. “É um exame que tem uma dificuldade logística muito grande.”

Já a certificação do ensino médio, segundo o especialista, deve passar por diálogo antes de qualquer decisão. “Na linha da economicidade, acredito que a prova deveria manter a sua função certificadora. Mas é preciso ter uma discussão aprofundada com os movimentos de educação de jovens e adultos, que têm sido ignorados nos últimos governos.”

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