Para juiz, PM preso na zona leste de SP por tortura demonstrou “perversidade”

  • Por Agência Estado
  • 23/10/2015 08h19
SÃO PAULO,SP,20.10.2015:SARGENTO-TORTURA - Sargento Charles Otaga, da Força Tática do Quadragésimo Oitavo Batalhão é detido por crime de tortura após depoimento no 103º DP de Itaquera, em São Paulo (SP), na madrugada desta quarta-feira (21). Ele e outros dois PMs detiveram o suspeito Afonso de Carvalho Oliveira Trudes, após assalto a uma loja. Afonso relatou ao delegado que havia sofrido tortura por parte do sargento Otaga. Segundo o suspeito, por cerca de 15 minutos, ele foi agredido com socos e choques elétricos. (Foto: Edison Temoteo/Futura Press/Folhapress) Edison Temoteo/Futura Press/Folhapress Polícia Civil e Polícia Militar em Itaquera se desentendem após tortura em Itaquera

No despacho que determinou a prisão preventiva do sargento Charles Otaga, acusado de torturar um assaltante, o juiz Claudio Juliano Filho considerou que o PM “demonstrou particular perversidade” ao praticar o crime. 

A equipe de Otaga prendeu Afonso de Carvalho Oliveira Trudes, de 23 anos, depois que ele e um comparsa roubaram R$ 60 e um celular em uma loja de sapatos em Itaquera, na zona leste da capital paulista. Segundo as investigações, antes de chegar à delegacia, o suspeito foi agredido com socos, chutes e recebeu “choques elétricos nas partes íntimas”.

O magistrado acrescenta que “a manutenção em cárcere provém da periculosidade do agente, demonstrada concretamente”. Na audiência, a promotora Yoon Jung Kim Panelli foi contra a prisão do policial, pois não haveria provas de que ele teria torturado o assaltante.

Briga

Depois que o delegado Raphael Zanon deu voz de prisão ao sargento Otaga, o 103.º Distrito Policial foi cercado por PMs de outros batalhões que foram defender o sargento. Houve discussão, e agentes da Polícia Civil do Grupo de Operações Especiais (GOE) foram acionados para dar proteção ao delegado.

Dois deputados estaduais, coronel Telhada (PSDB) e delegado Olim (PP), também estiveram na delegacia. Cada um defendeu a posição da sua respectiva corporação. O secretário da Segurança Pública, Alexandre de Moraes, disse nesta quinta-feira, 22, que não houve confusão entre as polícias, mas entre os parlamentares que foram até a delegacia.

O deputado Olim negou qualquer confusão com o colega. Mas criticou o secretário. “Houve cenas lamentáveis na porta da delegacia porque, hoje, a polícia não tem comando”, disse. Procurada, a Secretaria da Segurança Pública não comentou as declarações do deputado.

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