Para Macri, governo Temer ‘é uma continuidade’ do anterior
O presidente argentino, Mauricio Macri, afirmou, na quarta-feira, 28, ver como um modelo o processo de impeachment que levou ao poder Michel Temer, convidado que ele receberá, na próxima segunda-feira, 3, em Buenos Aires. Na residência oficial de Olivos, Macri disse a jornalistas brasileiros não ter dúvida da legalidade da queda de Dilma Rousseff.
“Convenhamos que quem está governando é o vice-presidente (da coligação) do PT, que ganhou a eleição passada. Independentemente de quem tenha convocado para o gabinete, é uma continuidade. Não importa o que ocorreu na coalizão governante”, opinou.
Macri assegurou que sua posição não tem a ver com afinidade ideológica com Temer. Lembrou que Dilma recebeu seu adversário na última eleição, o kirchnerista Daniel Scioli e sua primeira viagem depois de eleito foi para visitá-la.
“Brasil e Argentina estão acima da política conjuntural. Posso trabalhar com quem o Brasil decidir que governa. Mas, se me perguntarem qual é a figura mais relevante, a que me desperta mais respeito na política brasileira nos últimos 20 anos, claramente é Fernando Henrique Cardoso”, acrescentou. FHC visitou, na semana passada, o presidente Macri, que, logo após a decisão de afatsar Dillma, reconheceu o governo de Temer sete minutos após a posse.
Macri reforçou que discorda da alegação de que houve um golpe no Brasil. “A Justiça é um poder independente, foram feitas investigações, iniciou-se um impeachment, o Congresso votou. Acho que as instituições funcionaram. Internamente pode haver diferentes opiniões ou dirigentes na América Latina que pensem diferente. Institucionalmente, o País seguiu todos os passos que correspondem ao rito. É um processo institucional que vai potencializar todas as qualidades do Brasil”, disse.
Há quase dez meses no cargo, Macri leva adiante um ajuste com pontos em comum ao que Temer pretende implementar. “Não sei se me corresponde dar conselhos. (Sugiro) afastar-se de discursos, medidas, ações demagógicas, populistas que só trazem mais pobreza para o futuro.”
A possibilidade de protestos contra o presidente brasileiro nas cerca de cinco horas que estará em Buenos Aires não preocupa o anfitrião. “Na Argentina, todo mundo tem a possibilidade de se expressar. Estimulamos que seja em ordem”.
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