Paraguai e Argentina avançam na busca por ossadas de vítimas de ditaduras

  • Por Agencia EFE
  • 11/02/2015 18h10

Assunção, 11 fev (EFE).- O diretor de Reparação e Memória Histórica do Paraguai, Rogelio Goiburú, anunciou nesta quarta-feira a realização de novas escavações para buscar restos mortais de vítimas da ditadura argentina (1976-1983) em uma área do sul paraguaio onde foram encontradas ossadas humanas.

Segundo disse à Agência Efe, Goiburú considera “perfeitamente provável” a hipótese de que as ossadas sejam de vítimas da ditadura, devido ao fato de que “naquela época não existiam fronteiras para os policiais”.

Uma equipe de dois procuradores chegados das províncias argentinas de Chaco e Corrientes, fronteiriças com o Paraguai, visitou hoje a região de Paso de Patria e investiga agora a validade dos testemunhos.

No último dia 6 de janeiro um grupo de pedreiros encontrou de forma casual restos ósseos em uma construção em Paso de Patria, localizada no departamento paraguaio de Ñeembucú e próxima à confluência dos rios Paraguai e Paraná, que fazem fronteira com a Argentina.

Na província argentina de Chaco, limítrofe com o Paraguai, foram recopilados vários depoimentos de familiares que apontam que as ossadas poderiam pertencer a desaparecidos durante a ditadura argentina.

“Os testemunhos recolhidos fazem presumir que na área de Paso de Patria poderia haver mais restos mortais, motivo pelo qual é necessário que se façam novas escavações”, comentou Goiburú.

Os restos mortais encontrados na cidade, que foram levados a Assunção para serem analisados, ainda não foram identificados nem se sabe a que época pertencem.

Os trabalhos de identificação permanecem paralisados à espera de que se torne efetivo um fundo estatal de US$ 150.000 que permitirá a uma equipe de antropólogos-legista argentinos realizar a tarefa, contou Goiburú.

Para isso, os restos mortais deverão ser transferidos a um laboratório em Córdoba (Argentina), onde serão comparados com os perfis genéticos elaborados a partir de amostras de sangue dos familiares de desaparecidos.

O regime militar de Alfredo Stroessner no Paraguai deixou uma sequela de 425 desaparecidos ou executados, deteve quase 20.000 pessoas, que em sua maioria sofreram torturas, e forçou o exílio de 20.814 paraguaios, segundo um relatório da Comissão de Verdade e Justiça publicado em 2008.

A maioria dos responsáveis dos crimes cometidos pela ditadura estão livres e nunca foram julgados, segundo denuncia a Coordenadora de Organizações de Direitos Humanos (Codehupy).

Por sua vez, a última ditadura militar argentina deixou pelo menos 30.000 desaparecidos, segundo organismos de Direitos Humanos do país. EFE

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