Paraguai e Argentina buscam delinear rota jesuítica transnacional nas Missões
Assunção, 14 jun (EFE).- Paraguai e Argentina trabalham para que suas rotas jesuíticas se integrem em um mesmo pacote turístico, criando assim um circuito que permita admirar em bloco o esplendor arquitetônico das reduções guaranis e pensam em ampliar essa oferta no futuro com a incorporação do Brasil e Bolívia.
Está prevista para esse ano uma “famtrip”, para que as operadoras e os agentes turísticos paraguaios e argentinos considerem as possibilidades de estabelecer um circuito comercial que conecte as missões jesuíticas guaranis dos dois lados da fronteira, disse à Agência Efe Marcela Bacigalupo, titular da Secretaria Nacional de Turismo (Senatur).
Em fevereiro operadores e autoridades dos dois países se encontraram em Encarnación para analisar a comercialização de uma rota jesuítica transnacional.
Encarnación, no departamento de Itapúa, sul do Paraguai, abriga dois espetaculares vestígios da epopeia jesuítica-guarani: a Santíssima Trinidad del Paraná, fundada em 1706 e a mais bem conservada das missões que estão em solo paraguaio, e Jesús de Tavarangué (1685).
Ambas foram declaradas Patrimônio Universal da Humanidade pela Unesco.
Além disso, Encarnación é a porta de entrada para a cidade de Posadas, na província argentina de Misiones, onde estão parte dos povos jesuítas da Argentina, entre eles a imponente redução de Santo Inácio Miní, fundada em 1610, e de Nossa Senhora de Loreto (1632).
Todas elas mostram, em maior ou menor grau, o espírito do experimento dos jesuítas, que integraram os guaranis em povoados onde a arte e a evangelização faziam parte da mesma mística.
Bacigalupo indicou que as oito missões do Paraguai e as 15 da Argentina formam um “corredor natural” entre os dois países, que só precisaria da criação de um circuito conjunto de infraestruturas hoteleiras para dotá-lo de linearidade integradora.
“Há um corredor natural jesuítico entre Argentina e Paraguai. Trabalhamos nisso desde outubro do ano passado e depois houve um encontro com o setor privado, operadores majoritários e agências de viagens para poder conectar essa rota”, disse Bacigalupo.
Segundo a titular da Senatur, enquanto se avança nessa linha, é preciso que cada rota jesuíta, que no caso do Paraguai funciona desde 1992, fortaleça seu produto do ponto de vista comercial e cultural.
“A ideia é fortalecer a identidade de cada povado jesuíta para conectá-lo as outras rotas, mas de modo que estas rotas criem benefícios para as comunidades, não só aos macrooperadores, para que cada comunidade trabalhe a saída de seus produtos, que tenham espaço para oferecer seu artesanato, bordados, etc”, disse.
O desafio consiste em oferecer um pacote multidestinos que sirva para apresentar um dos maiores tesouros culturais da América Latina e ao mesmo tempo apoiar o desenvolvimento econômico dessas povoações.
“A rota multidestinos é uma amostra de uma América Latina para o resto do mundo e para os mercados emergentes e uma força econômica para diminuir a pobreza”, assinalou.
Bacigalupo indicou que o projeto completo conectaria as 30 missões jesuítico-guaranis compreendidas entre Brasil, Paraguai e Argentina, e posteriormente seria ligado à rota das reduções jesuítas já estabelecida na Bolívia. EFE
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