Parentes de estudantes desaparecidos no México protestam na véspera de Natal
Cidade do México, 24 dez (EFE).- Familiares dos estudantes desaparecidos no México resistiram ao frio e à chuva para exigir justiça na noite desta quarta-feira, véspera de Natal, em frente à residência presidencial na Cidade do México.
Ao contrário de outras mobilizações relacionadas com o caso, nas quais participaram centenas de milhares de pessoas de diversas organizações e causas, nesta ocasião apenas os familiares dos desaparecidos e alguns poucos manifestantes se reuniram diante da residência oficial.
O protesto começou às 19h30 locais (23h30 de Brasília) para exigir que o governo apresentasse vivos os estudantes de magistério que desapareceram no dia 26 de setembro em Iguala, no estado de Guerrero, no sul do país.
O porta-voz dos pais, Felipe de la Cruz, disse em entrevista para a Agência Efe que o motivo do ato é ressaltar que depois de quase de três meses “do desaparecimento forçado dos estudantes, o governo federal ainda não nos deu uma resposta, sequer uma pista”, de que os jovens serão encontrados.
De la Cruz enfatizou que os familiares continuarão exigindo que o governo do presidente Enrique Peña Nieto encontre os estudantes com vida, “porque foi o Estado quem cometeu este crime, foram policiais, foi o Exército, porque também participaram, e estamos lembrando a ele (Peña Nieto) que seu Natal não será feliz como ele pensava, porque não é feliz para nós”.
Além disso, os parentes dos desaparecidos divulgaram através das redes sociais um vídeo pedindo que a comunidade internacional não se esqueça de seus filhos e que pressione o governo mexicano para que apresente respostas depois de três meses de incerteza.
Os 43 estudantes desapareceram na noite de 26 de setembro depois que foram atacados a tiros por policiais municipais sob as ordens do então prefeito de Iguala, José Luis Abarca, em um incidente que também resultou na morte de seis pessoas e deixou outras 25 feridas.
Segundo a investigação oficial, os jovens foram detidos pelos policiais e entregues ao cartel de criminosos Guerreros Unidos, que supostamente os assassinou e incinerou seus corpos em um lixão de um município vizinho de Iguala.
Os familiares não acreditam nessa versão apesar de um laboratório austríaco ter identificado um dos 43 estudantes, Alexander Mora Venancio, graças a um teste de DNA feito em ossadas encontradas no lixão.
A equipe de peritos da Universidade de Medicina de Innsbruck, na Áustria, advertiu hoje que não pode estimar quanto tempo será necessário para identificar mais vítimas devido ao mal estado dos restos humanos.
“Não temos como quantificar as probabilidades (de sucesso), mas em geral são poucas, já que as amostras são difíceis de analisar”, explicou à Efe Walther Parson, o biólogo molecular que lidera a investigação. EFE
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