Parentes de vítimas da ditadura se frustram com morte do general Contreras

  • Por EFE
  • 08/08/2015 02h56
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Família protestam depois da morte de Manuel Contreras

EFE Chile Protesto Manuel Contreras

A presidente do Agrupamento de Familiares de Detidos Desaparecidos (AFDD) do Chile, Lorena Pizarro, disse nesta sexta-feira (07) estar frustrada pelo fato de o general Manuel Contreras, maior repressor da ditadura de Augusto Pinochet, ter morrido em um recinto como o Hospital Militar e que não tenha sido degradado.

“É complicado e provoca frustração e indignação porque, no final, Manuel Contreras, apesar de ter mais de 500 anos de penas por distintas causas, morreu em um plano de impunidade inaceitável”, declarou Pizarro ao “Canal 13”.

Contreras, condenado a mais de 500 anos de prisão, morreu hoje às 22h20 no Hospital Militar de Santiago do Chile, segundo informaram fontes oficiais.

O estado do militar de 86 anos e ex-chefe da temível Direção de Inteligência Nacional (Dina), a polícia secreta de Augusto Pinochet, tinha se agravado nas últimas semanas, quando suspenderam todos os tratamentos, e só recebia paliativos para a dor.

Por sua vez, o presidente do Partido Comunista, deputado Guillermo Teillier afirmou que “já não temos presente este personagem tão sinistro, que cometeu tantos crimes, mas mesmo assim a busca pela verdade continua”.

“Ele talvez tenha levado muitas das verdades que nosso povo precisa saber, principalmente os familiares dos detidos desaparecidos, de muita gente que não se sabe como morreu e ele deveria ter confessado sua verdade, mas não fez isso”, lamentou.

Já a senadora Isabel Allende, presidente do Partido Socialista e filha do ex-presidente Salvador Allende (1970-1973), afirmou que nesta noite “morreu o maior criminoso que conhecemos no Chile, condenado a mais de 526 anos”.

“Eu acredito que representa o lado mais obscuro e criminoso da história do Chile”, enfatizou a parlamentar em declarações à “Radio Bío-Bío”.

Momentos depois da morte de Contreras, dezenas de pessoas, todos parentes de vítimas da ditadura militar, se manifestaram em frente ao Hospital Militar onde morreu o general.

Com cartazes, bandeiras do Partido Comunista, balões e até garrafas de champanhe, as pessoas celebraram a morte de “Mamo” Contreras, como lhe chamavam seus camaradas de armas.

Da parte do governo da presidente chilena, Michelle Bachelet, não houve nenhum tipo de reação, mas há rumores de que possa referir-se à morte de Contreras na próxima segunda-feira.

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