Parentes esperam notícias sob o assédio da imprensa e pouca informação

  • Por Agencia EFE
  • 09/03/2014 09h23

Tamara Gil García.

Pequim, 9 mar (EFE).- Os familiares dos 154 passageiros chineses desaparecidos no voo MH370 da Malaysia Airlines, que fazia a rota Kuala Lumpur-Pequim, seguem esperando neste domingo por notícias de seus parentes em um hotel da capital chinesa, sob o assédio dos meios de comunicação e a falta de informação.

Mais de 30 horas depois que se perdeu o contato com o avião, e perante a angústia e desinformação que sofrem os parentes, a empresa aérea lhes ofereceu a possibilidade de voar amanhã em dois aviões até a capital da Malásia, Kuala Lumpur, para poder receber informação de primeira mão da base da companhia e do governo malaio.

“Sairão dois voos e poderão ir até cinco parentes de cada um dos viajantes, se quiserem”, afirmou hoje Ignatius Ong, porta-voz da companhia, em uma movimentada entrevista coletiva em Pequim.

Para isso, muitas das pessoas que hoje aguardavam alguma notícia em Pequim, provenientes de diversas províncias da China, terão que solicitar seu passaporte, um documento que nem todos os chineses têm, devido à sua complicada – e custosa – tramitação.

“A companhia nos pediu que nos encarreguemos das gestões. Como vamos fazê-lo?”, lamentou à Agência Efe Zhang Guizhi, uma idosa que acabava de chegar à capital chinesa da província de Henan na busca de alguma notícia sobre sua sobrinha.

Ela, junto com seu marido e mais quatro pessoas desta província, tomaram o avião que partiu na madrugada da sexta-feira para sábado de Kuala Lumpur a Pequim, onde devia aterrissar seis horas depois da decolagem, mas nunca chegou.

“Conseguimos chegar hoje a Pequim e não temos mais informação além do que já sabíamos”, resumiu Zhang, abraçada por um familiar.

No hotel Lido de Pequim se viviam cenas dramáticas, mas também de irritação com os jornalistas, a quem os parentes pediram que acabassem com o assédio.

Os meios de comunicação se instalaram em vários dos andares deste hotel para trabalhar, enquanto um numeroso grupo de cinegrafistas e fotógrafos permanece às portas do quarto onde os familiares recebem assistência médica e contam com angústia a passagem das horas.

“Não há nada para dizer!”, gritou uma mulher ao abrir a porta, pouco depois que alguns dos confinados saíram para distribuir um comunicado no qual pedem ao governo chinês que tome as rédeas da situação.

Aproximadamente uma centena de parentes assinaram este pedido para que Pequim intervenha e eles recebam informação indubitável sobre o ocorrido, segundo explicou um grupo deles aos jornalistas concentrados no hotel.

Por enquanto, as autoridades chinesas não se pronunciaram a respeito, apesar de terem ordenado empregar “todos os esforços” no dispositivo de resposta à emergência.

Quando quase se completam as 48 horas desde que se perdeu contato com o avião, várias equipes de busca e resgate de Malásia, Cingapura, Filipinas, Vietnã e China seguem procurando os possíveis restos da aeronave nas águas do Golfo da Tailândia, ao sul do litoral do Vietnã.

Segundo as autoridades de Hanói, o aparelho caiu ao mar com as 239 pessoas a bordo que transportava, entre elas três menores chineses.

Por sua parte, a companhia aérea e as autoridades malaias evitaram por enquanto confirmar o acidente, enquanto também se investiga a possibilidade de um atentado, depois que descobriu que dois dos passageiros viajavam com passaportes roubados e perante os indícios que há outros dois nesta situação.

“Nós não temos nenhum indício de atentado”, destacou hoje o porta-voz da Malaysia Airlines em Pequim, que acrescentou, no entanto, que estavam estudando todas as possibilidades.

Após a falta de notícias do Boeing e a passagem do tempo, a companhia aérea teme o pior: “Já estamos preparando as famílias”, concluiu. EFE

tg/rsd

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