Paris fala em uso da força contra Rússia “caso ultrapassem certos limites”

  • Por Agencia EFE
  • 17/03/2014 17h43

Paris, 17 mar (EFE).- O ministro francês das Relações Exteriores, Laurent Fabius, declarou nesta segunda-feira que será necessário recorrer à força contra a Rússia “caso sejam ultrapassados certos limites” na crise da Ucrânia.

Perguntado pelo canal de TV “TF1” sobre as consequências que teria para Moscou anexar a região oriental ucraniana de Donetsk, o chefe da diplomacia francesa disse que seria preciso aumentar a pressão sobre o presidente russo, Vladimir Putin.

“Por um lado, aumentaríamos mais as sanções, o que pode afetar a economia, o coração da maquinaria russa. Em segundo lugar, caso sejam ultrapassados certos limites, haveria reações incluindo a força. A Ucrânia já decidiu com a mobilização popular, não podemos permitir certas coisas”, afirmou Fabius.

A respeito da decisão adotada hoje pela União Europeia (UE) de restringir os vistos e congelar os bens em território comunitário de 13 russos e oito ucranianos que o bloco considera responsáveis pela instabilidade na região, Fabius indicou que neste momento estão “no segundo grau de sanções” e que poderia se passar ao terceiro, se a Rússia não mudar de atitude.

Nesse caso, Fabius assinalou que Paris poderia romper o contrato assinado por Moscou para a venda de dois navios de guerra porta-helicópteros Mistral que estão sendo construídos em estaleiros franceses.

Além disso, acrescentou, pediriam ao Reino Unido que congelasse os bens que os oligarcas russos têm em Londres para que todos os países suportem de forma equitativa o peso das sanções.

O ministro francês reiterou que o referendo da Crimeia de ontem, no qual uma ampla maioria de cidadãos se pronunciou a favor de se unir à Rússia, “não tem valor porque é contrário à Constituição da Ucrânia e ao direito internacional” e classificou seu resultado de “soviético”.

“Se um país – neste caso, a Rússia – pode anexar uma região, é que não existe nenhuma fronteira segura no mundo. Isso pode gerar conflitos lamentáveis”, alertou.

O titular lembrou que a Ucrânia renunciou a seu arsenal nuclear, o terceiro maior do mundo, em troca de sua integridade territorial e manifestou que, caso que Rússia anexe a Crimeia, “o resto dos países entenderá que a única forma de manter suas fronteiras é ter a arma atômica”.

Fabius lembrou que a UE impôs sanções a 21 personalidades, frente às 11 dos Estados Unidos, e que na próxima sexta-feira será assinado um acordo de cooperação com a Ucrânia para expressar o apoio às novas autoridades do país.

“Queremos que prevaleça a firmeza, que Putin não consiga ir adiante e que haja uma redução” da tensão, acrescentou.

Por outro lado, fontes diplomáticas francesas informaram que Fabius não irá amanhã acompanhado do ministro da Defesa, Jean-Yves Le Drian, a Moscou, como tinham acordado o presidente francês, François Hollande, e seu colega russo.

Fabius e Le Drian haviam previsto viajar para Moscou para prosseguir o diálogo entre a França e a Rússia, iniciado por telefone na semana passada por Hollande e Putin.

Paris, no entanto, já havia advertido que cancelaria a visita se Moscou não fizesse concessões diante da crise ucraniana. EFE

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