Parlamentares latino-americanos unem forças para lutar pela paz na Colômbia

  • Por Agencia EFE
  • 06/06/2015 01h22

Montevidéu, 5 jun (EFE).- Legisladores latino-americanos juntaram suas forças nesta sexta-feira em Montevidéu, no Uruguai, com o objetivo de formar uma rede parlamentar como espaço afastado das “nações e das bandeiras partidárias que permita combater a máquina de guerra” que é o conflito armado entre o governo colombiano e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc).

Esta reunião, realizada no II Fórum pela Paz na Colômbia, terminou hoje com a leitura de um manifesto em que os países se comprometeram a lutar conjuntamente pela paz.

Participaram legisladores de Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai e Venezuela, assim como um parlamentar da Câmara autônoma do País Basco da Espanha, Diana Urrea, pertencente ao partido político Euskal Herria Bildu.

“Dissemos que viessem para que nos ajudassem, para que contribuam para deter esta máquina de guerra na Colômbia, que transformou mais de 7,5 milhões de homens, mulheres, crianças, velhos, indígenas, negros, em vítimas”, disse Ángela María Robledo, representante da Câmara colombiana, encarregada da leitura do manifesto.

O texto pactuado pelos legisladores ressalta que as “povoações civis, urbanas, camponesas, comunidades afro e povos indígenas” são os principais setores violados em seus direitos pelo conflito armado entre o governo da Colômbia e as Farc.

Esse conflito se alastra há mais de 50 anos e, segundo o manifesto, se mantém devido à “existência de setores poderosos aos quais interessa especialmente que as negociações de paz fracassem, pois seu negócio é a guerra e o despojo territorial”.

Por tudo isso, os legisladores destacaram a necessidade de conformação de uma rede de parlamentares para a paz na Colômbia, um espaço afastado das “nações e das bandeiras partidárias” com o objetivo de construir uma América Latina “livre de conflitos”.

“Tomara que os preconceitos e as feridas não privem definitivamente à Colômbia de carimbar sua Paz agora. Custou muito e estamos em outra época, em que acredito que a guerra a cada dia tem menos sentido”, disse à Agência Efe o ex-presidente do Uruguai, José Mujica, presente na leitura do manifesto.

Do mesmo modo, os parlamentares assumiram o compromisso de convocar instâncias de diálogo nas próximas cúpulas de Celac, Unasul e Mercosul, assim como em outros parlamentos de integração na região.

“Não queremos nem mais um só morto na Colômbia nesta guerra de conflito entre irmãos e irmãs”, sentenciou Robledo para finalizar a narração do documento.

O vice-presidente do Uruguai, Raúl Sendic, também participou do fechamento deste encontro parlamentar e destacou para a Efe que seu governo se esforçará para que o diálogo de paz que está sendo desenvolvido “termine com sucesso” e alcance uma “paz duradoura para a Colômbia, que o país necessita”, comentou.

“Espero que isso permita não somente que a saída para a paz seja duradoura, mas também que a Colômbia avance nos níveis de dignidade, de justiça e de igualdade que estamos construindo na América Latina”, disse Sendic.

O conflito entre a Colômbia e as Farc recrudesceu em 22 de maio quando os guerrilheiros suspenderam um cessar-fogo unilateral, estabelecido em 20 de dezembro de 2014, após a morte de 27 de seus membros em um bombardeio da Força Aérea Colombiana no departamento do Cauca, no sudoeste do país.

O governo da Colômbia e as Farc anunciaram ontem em Havana a decisão de iniciar uma Comissão da Verdade, uma vez assinado um acordo definitivo de paz, que será um mecanismo “independente e imparcial de caráter extrajudicial”.

Focada no reconhecimento das vítimas, essa comissão terá o objetivo de esclarecer as violações aos direitos humanos e ao direito internacional humanitário cometidas durante o conflito.

Outros políticos que estiveram presentes nesta reunião de legisladores foram a ex-senadora colombiana Piedad Córdoba e o presidente da Câmara dos Representantes do Uruguai, Alejandro Sánchez.

Hoje também começou a segunda parte do II Fórum pela Paz na Colômbia, em que mais de 100 organizações sociais discutirão até o próximo domingo suas posições e apresentarão propostas para o avanço da paz na região.

O deslocamento forçado, a migração e o refúgio internacional, a criminalização do pensamento crítico, as políticas antidrogas e a ingerência estrangeira na América Latina e no Caribe serão alguns dos assuntos abordados nessas mesas de trabalho. EFE

jrv/cd

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