Parlamento da Crimeia destitui governo e aprova referendo sobre autonomia

  • Por Agencia EFE
  • 27/02/2014 17h04

Kiev, 27 fev (EFE).- O parlamento da Crimeia aprovou nesta quinta-feira a realização de um referendo no dia 25 de maio para ampliar a autonomia dessa república ucraniana, cuja maioria da população é de origem russa.

Na mesma sessão, o legislativo aprovou uma resolução de perda de confiança do governo local e decidiu por sua destituição, com votos favoráveis de 55 dos 64 deputados presentes – a casa é composta por 100 parlamentares.

“Você aprova a autodeterminação da Crimeia dentro da Ucrânia sobre a base dos acordos e tratados internacionais?”, diz a pergunta que será apresentada a consulta popular.

Dos 64 deputados presentes, 61 votaram a favor da realização da consulta popular, que coincidirá com a data das eleições presidenciais antecipadas da Ucrânia.

“Estamos convencidos de que só um referendo para a reforma do estatuto de autonomia e da ampliação de suas prerrogativas permitirá aos crimeanos determinar por si mesmos, sem pressões exteriores, o futuro de sua autonomia”, alegou a presidência do parlamento, em comunicado, antes da votação.

A sessão extraordinária do parlamento (Rada Suprema) foi realizada enquanto, do lado de fora da sede, estava um grupo armado das chamadas Autodefesas da População Russa da Crimeia, que na madrugada chegou a entrar no edifício.

A ação de tomada do parlamento, assim como a do governo, nas quais não houve violência, aconteceu depois dos distúrbios que ocorreram ontem na capital, Simferopol, entre manifestantes de ambas as comunidades, e enquanto cresce a tensão entre Kiev e Moscou pelo destino desta península após a queda do regime de Viktor Yanukovich.

O legislativo ressaltou que a “Ucrânia está entrando em caos, anarquia e a catástrofe econômica”, por isso não lhe resta mais remédio que “assumir toda a responsabilidade sobre o destino da Crimeia”.

“Crimeanos, como resultado de uma tomada anticonstitucional de poder na Ucrânia por nacionalistas radicais com o apoio de grupos armados, a paz e a tranquilidade na Crimeia estão sob ameaça”, diz a declaração, em referência às novas autoridades de Kiev.

Por sua vez, Refat Chubarov, o presidente do Mejlis, a assembleia da minoria tártara da Crimeia, que apoia a integridade territorial da Ucrânia e das novas autoridades de Kiev, denunciou que a convocação do referendo seria um novo passo rumo à independência da península.

Perante a situação na Crimeia, o ministro do Interior interino da Ucrânia, Arsen Avakov, determinou que policiais e as tropas ligadas a sua pasta que estão nessa região entrem em estado de alerta.

Os russos, que são maioria na Crimeia, acusam as novas autoridades em Kiev de usurpar o poder ao depor o presidente Viktor Yanukovich e de querer lhes impor a cultura ucraniana.

Já os tártaros defendem a unidade e integridade territorial da Ucrânia e se opõem à realização do referendo sobre a potencialização da autonomia.

A Crimeia, península banhada pelo Mar Negro e que é sede de uma base naval russa em Sebastopol, foi “dada” em 1954 pelo então líder soviético, Nikita Kruschev, à Ucrânia, uma das repúblicas que formavam a URSS.

Nesta região, de dois milhões de habitantes, quase 60% da população é de origem russa, 25% de ucranianos e 12% de tártaros. EFE

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