Parlamento francês dá voto de confiança a novo governo de Valls
Paris, 16 set (EFE).- O parlamento da França deu nesta terça-feira seu voto de confiança ao novo governo de Manuel Valls com 269 votos a favor, 244 contra e 53 abstenções, entre as quais mais de 30 foram de deputados socialistas.
O resultado contrasta com os 306 votos favoráveis que recebeu em abril e foi superado por uma maioria relativa e não absoluta, o que, nas palavras do líder da conservadora União por um Movimento Popular (UMP), Christian Jacob, representa “mais que uma advertência”, mas a suposta constatação de que “seus dias estão contados”.
Dos 566 deputados presentes, 513 votaram e, além da UMP, votaram contra a União de Democratas e Independentes (UDI), enquanto os ambientalistas se abstiveram em sua maioria e o grupo Radical, Republicano, Democrata e Progressista (RRDP) votou a favor.
Os deputados socialistas que não votaram a favor do novo governo fazem parte de uma corrente crítica com as reformas econômicas governamentais, que consideram liberais e que não respeitam o programa eleitoral.
O primeiro-ministro socialista não era obrigado a se submeter à moção, mas com ela busca legitimidade em uma tentativa de recuperar a força após o retorno do recesso do meio do ano marcado por uma situação econômica delicada e pela crise governamental do fim de agosto, que levou à remodelação do Executivo.
A renúncia do secretário de Estado de Comércio Exterior e Turismo, Thomas Thévenoud, por irregularidades fiscais e a publicação do livro da ex-mulher de François Hollande, Valérie Trierweiler, que questiona sua sinceridade como chefe de Estado, contribuíram para deteriorar o clima político e para a crise interna do Partido Socialista francês.
O representante da oposição deixou clara a rejeição de seu grupo alegando que nestes cinco meses, desde que Valls assumiu o Executivo, “o país continuou rumando ao inferno no plano econômico, mas também no plano político e institucional”.
O primeiro-ministro garantiu que não se exime de suas próprias responsabilidades, mas, em favor do crescimento e da geração de empregos, pediu que cada parte assumisse as suas, e incluiu nesse pedido a própria União Europeia (UE) e a Alemanha.
“O acordo entre nossos dois países é indispensável para relançar o crescimento e voltar a dar ao projeto europeu sua verdadeira ambição”, opinou Valls, mas não sem destacar que a “França decide por si mesma o que deve fazer” em matéria econômica.
O Executivo francês acreditava que conseguiria cumprir no próximo ano a meta de situar o déficit público abaixo de 3% do PIB, mas teve que adiá-la até 2017, diante das previsões que será de 4,4% este ano e de 4,3% em 2015.
A única via para que a Europa e a França consigam um crescimento “sólido e durável” é através do investimento, insistiu Valls, para quem “a ação para reorientar a Europa é vital”.
O primeiro-ministro chegou a esta votação com um nível de popularidade de 30%, e tentou deixar claro que “sua única missão” é avançar “contra tudo e contra todos”, e demonstrar aos franceses que sua política e a República não os “abandonaram”. EFE
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