Parlamento libanês fracassa na escolha de novo presidente pela 20ª vez
Beirute, 11 mar (EFE).- A 20ª sessão parlamentar para escolher um novo presidente para o Líbano fracassou nesta quarta-feira por falta de quórum, como está ocorrendo há meses devido às disputas entre as distintas forças políticas.
Na sessão, não houve o comparecimento de dois terços dos deputados (86 dos 128 que ocupam uma cadeira na câmara), e foi convocada uma nova reunião para o dia 2 de abril, informaram os meios de comunicação oficiais libaneses.
A presidência está vazia desde 25 de maio, quando expirou o mandato de Michel Suleiman, e neste tempo os parlamentares foram incapazes de escolher entre os três candidatos em disputa.
Os aspirantes ao cargo são Michel Aoun, candidato da coalizão 8 de Março (liderada pelo grupo xiita Hisbolá); Samir Geagea, da 14 de Março (anti-Síria e liderada pelo ex-primeiro-ministro Saad Hariri); e Henri Helu, respaldado pelo grupo parlamentar do líder druso Walid Jumblatt.
Só houve votação na primeira sessão, realizada em 23 de abril, enquanto as outras foram adiadas por falta de quórum devido à rejeição dos deputados do 8 de Março de comparecer ao parlamento.
As principais causas desta situação são as profundas divisões entre o movimento anti-Síria e as forças afins ao regime de Al-Assad, que complicam qualquer decisão política no Líbano.
Em declaração ao jornal “Al Akbar”, Aoun afirmou que está otimista com relação às conversas que seu grupo mantém com as Forças Libanesas (de Geagea).
“Fazemos frente a uma crise nacional. É preciso fazer concessões para sair da crise”, disse Aoun, que reconheceu que é preciso ainda tempo para alcançar um acordo.
Nem as incessantes chamadas do patriarca maronita Bechara Rai e nem da comunidade internacional conseguiram até agora acercar as posições dos grupos antagonistas, apesar dos perigos que o Líbano atravessa por causa da guerra na Síria e a chegada em massa de refugiados.
Segundo o sistema confessional em vigor no Líbano, o presidente deve pertencer à comunidade maronita (católica de Oriente), o primeiro-ministro à sunita e o presidente do parlamento à xiita.
Atualmente, as prerrogativas do presidente são assumidas pelo Conselho de Ministros de forma interina, mas existe o risco de paralisia se as forças rivais boicotarem as sessões governamentais.
Na história do Líbano moderno, houve situações similares à atual: Em 1988, o parlamento fracassou em escolher o sucessor do ex-presidente Amin Gemayel, apesar do país estar em guerra civil, e em 2007 explodiu uma crise durante meses até que Suleiman substituiu o general Émile Lahoud.EFE
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