Partidos pró-separação da Espanha ganham eleições na Catalunha

  • Por Agência Brasil
  • 28/09/2015 09h52
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Presidente catalão Artur Mas (segundo à direita) e o cabeça do grupo Junts pel Sí EFE/Alberto Estévez Presidente catalão Artur Mas (segundo à direita) e o cabeça do grupo Junts pel Sí

As eleições na Catalunha, convertidas num referendo “de fato” sobre a soberania da região, terminaram com os partidos pró-independência obtendo maioria absoluta em deputados, mas falhando no objetivo de reunir mais da metade dos votos populares. Com quase 99% dos votos contabilizados, a principal plataforma pelo sim à independência, a Junts pel Si (Juntos pelo Sim, do presidente Artur Mas) conseguiu 62 deputados, a seis de conseguir sozinha a maioria absoluta. No entanto, o outro partido que defende uma declaração de independência, a CUP (Candidatura de Unidade Popular, de extrema esquerda), obteve dez deputados.

Os dois juntos poderiam aprovar uma declaração de independência no novo Parlamento catalão. No entanto, não é certo que isso ocorra, uma vez que a CUP sempre defendeu maioria popular e ambos os partidos não registaram mais do que 47,8% dos votos (os partidos contrários à esta via obtiveram 52,2% dos votos).

Por outro lado, a CUP já afirmou que não votará favoravelmente à eleição de Artur Mas como novo presidente regional (nas eleições na Espanha, o povo elege os deputados e esses depois votam no Parlamento para escolher o presidente regional, o que permite acordos pós-eleitorais).

Líder do bloco Junts pel Si (Juntos há o Sim), Raul Romeva, cumprimenta simpatizantes no Mercado de Born, em Barcelona Catalunha, Espanha

Um dos líderes do bloco Junts pel Si (Juntos pelo Sim) Raul Romeva cumprimenta simpatizantes no Mercado de Born, em Barcelona Catalunha, (EspanhaEPA/Andreu Dalmau/Agência Brasil/Direitos Reservados)

Os líderes da Junts pel Si declararam-se triplamente vitoriosos, ao considerar que “ganhou o sim, em votos e assentos, ganhou a democracia” e ganhou a Catalunha porque se realizou um plebiscito sobre a independência.

Artur Mas (Convergência Democrática Catalana), Oriol Junqueras (Esquerra Republicana Catalana) e Raul Romeva – unidos na Junts – consideram ter obtido “um mandato claro” para avançar com a separação em relação à Espanha.

O restante dos partidos, com a exceção da CUP, considerara que Artur Mas perdeu o plebiscito, uma vez que a definição de vitória num referendo depende da obtenção de 50% dos votos mais um. Os partidos do “não” conseguiram mais cerca de 150 mil votos que o “sim”.

O grande vencedor da noite foi o partido Ciudadanos (uma formação que começou na Catalunha e que se tornou um emergente no âmbito nacional), pois o partido de Albert Rivera passou dos atuais nove deputados no Parlamento catalão para 25, com mais de 700 mil votos, e lançou avisos ao PP em Madrid de que terão de contar com ele para as eleições gerais.

Já o PP catalão perdeu oito deputados em relação a 2012 e, ao contrário de todos os outros partidos, o seu líder nem apareceu na noite das eleições, cabendo as declarações a um dos integrantes da cúpula popular.

O Podemos também classificou de “decepcionante” os resultados obtidos na Catalunha, mas considerou-se “um partido que apostou na responsabilidade” e lançou críticas a Artur Mas e ao presidente do governo central, Mariano Rajoy.

A noite eleitoral terminou com todos os lados fazendo leituras diferentes, os defensores do “sim” agitando bandeiras da Catalunha independente e cantando o Hino da Catalunha, enquanto o candidato da CUP se despedia do Estado espanhol, mas com poucas pistas sobre o que se poderá passar agora, quer nas negociações para constituir o Parlamento, nomeadamente o nome do possível presidente, quer sobre a existência de condições para avançar com o processo de independência.

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