As peculiaridades das eleições no Reino Unido
Hoje é dia de eleição no Reino Unido. Os britânicos estão escolhendo a nova formação do parlamento para um mandato de cinco anos, ou até quando a popularidade do governo permitir.
A votação por aqui tem várias diferenças em relação ao Brasil, e eu não me refiro apenas ao voto distrital, ou ao sistema de governo, que são mais óbvios.
Pra começar, os britânicos ainda usam as tradicionais cédulas de papel. É preciso marcar com um “X” no nome do candidato escolhido e sem rasuras.
A votação, como vocês perceberam, ocorre durante a semana e as seções ficam abertas o dia todo, das sete da manhã até às dez da noite. A contagem só começa depois disso.
E não são apenas escolas ou universidades que servem como seções eleitorais por aqui. Agências dos correios, igrejas e até pubs, é claro, são usados no dia de votação. Até porque, a lei britânica não proíbe que um eleitor vote embriagado, por exemplo. Assim como não há problemas em tirar selfies na cabine de votação nem em aparecer para votar com o cachorro.
Os britânicos são cheios de peculiaridades, mas uma das poucas certezas nesse país é que no final das contas os conservadores normalmente estarão no poder, salvo raras exceções em que os trabalhistas apareceram quase que travestidos de conservadores. Não é o caso dessa vez.
A sensação geral por aqui é de que a primeira-ministra Theresa May vai vencer a votação, ainda que não da forma arrebatadora que se imaginava quando a eleição foi convocada.
Agora ela provavelmente terá o apoio do voto para endurecer as negociações do Brexit, que começam daqui a onze dias. Aliás, se existe algum vencedor claro nessa eleição é justamente o divórcio europeu. Os trabalhistas não ousaram questionar o resultado do referendo e não importa quem vença hoje o Reino Unido vai deixar a União Europeia.
Também nos próximos dias, quando a eleição já for passado, May deverá apresentar suas medidas anti-terrorismo que, segundo ela mesma, vão passar por cima dos direitos humanos se for necessário.
Essa foi uma campanha desnecessária e amplamente inoportuna convocada simplesmente para fortalecer o partido conservador e fragilizar os trabalhistas. No final das contas, não deve acontecer nem uma coisa, nem outra. Mas é do sistema parlamentarista permitir essas perdas monstruosas de tempo e dinheiro.
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