Pela 1ª vez na história, 2 mulheres farão parte da elite do Exército dos EUA

  • Por Agencia EFE
  • 18/08/2015 19h00

Jairo Mejía.

Washington, 18 ago (EFE).- Duas mulheres farão história na próxima sexta-feira quando se transformarão nas primeiras a fazerem parte dos Rangers, a famosa unidade especial do Exército dos Estados Unidos, informou nesta terça-feira o Pentágono.

Ingressaram nesta temporada 19 mulheres e 381 homens na Escola de Rangers, que impõe as mesmas rigorosas exigências físicas e mentais a todos os recrutas. No entanto, as duas aprovadas não poderão, por enquanto, fazer parte do Regimento 75 dos Rangers, o corpo de elite dentro do Comando de Operações Especiais.

A Escola de Rangers é um dos centros de treinamento militar mais exigentes do planeta. São 62 dias de preparação para o combate extremo que foram finalizados ontem, em pleno e quente mês agosto, nos pântanos da Flórida.

As duas mulheres, cujas identidades não foram divulgadas, praticamente forçam o Pentágono a anunciar a necessidade de uma mudança na cultura militar que permita corpos de elite mistos.

“Os homens e mulheres que completaram as etapas provaram sua determinação, capacidade física e força mental”, indicou o Pentágono em comunicado sobre os 96 que serão graduados na sexta-feira.

Trata-se, no entanto, de um marco incompleto, já que não inclui até o momento uma mudança da estrutura das forças especiais. Mas coloca o Pentágono frente à evidência de que as mulheres podem ocupar postos militares proibidos atualmente.

“Esse concurso de treinamento prova que cada soldado, independentemente do gênero, pode atingir seu mais alto potencial”, explicou hoje em comunicado o secretário do Exército, John McHugh.

Em janeiro de 2013, o então secretário de Defesa, Leon Panetta, anunciou o fim das proibições que impediam que as mulheres assumissem papéis de combate nas Forças Armadas, algo esperado devido à presença cada vez maior de mulheres militares.

Desde então, até 71 mil postos que antes eram só oferecidos a homens podem agora ser ocupados por mulheres, desde que cumpram os requisitos necessários para assumi-los.

Antes do fim do ano, o Pentágono e todas as ramificações das Forças Armadas deverão decidir sobre qual papel de combate será reservado às mulheres, que seguem sem ser bem-vindas especialmente entre as principais forças de elite.

A diretora de pessoal do Departamento de Defesa, Juliet Beyler, afirmou recentemente que, durante o processo de revisão da atuação da mulher das Forças Armadas, já foi determinado que era “a hora de mudar as normas de combate e abrir todos os postos às mulheres”.

O Pentágono parece decidido a permitir que as mulheres passem a integrar as principais funções do órgão, baseando as seleções nas qualificações dos candidatos e não pelo gênero. Mas alguns postos das forças especiais serão preenchidos de acordo com a vontade dos comandantes, que deverão justificar as exceções “rigorosamente”.

A necessidade da mudança na cultura militar é um fato, não só por uma nova mentalidade, mas pela evidência de que as mulheres são agora mais importantes do que nunca para manter o número soldados de um exército presente em todos os continentes.

Cerca de 280 mil mulheres serviram nas guerras do Iraque e do Afeganistão, das quais 200 morreram, sacrifícios que mostram que elas estão há anos nos campos de batalha apesar de não serem reconhecidas dentro das próprias Forças Armadas.

Janine Davidson, analista do Council for Foreign Relations, afirmou hoje que a graduação das duas novas integrantes dos Rangers “será essencial para acelerar o processo de revisão do papel de combate da mulher e acabar com a oposição entre alguns oficiais”.

Para Gayle Tzemach Lemmon, especialista no papel da mulher nas Forças Armadas, esse tipo de notícia encorajará outras a tomarem o mesmo caminho e mostrarem que são tão eficientes quanto os homens. EFE

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