Pequim, sede do Mundial de Atletismo, é pouco saudável para correr

  • Por Agencia EFE
  • 21/08/2015 13h38

Pequim, 21 ago (EFE).- Pequim será, a partir de amanhã, o foco do atletismo internacional, com o início do Mundial, apesar de a intensa poluição que caracteriza a capital chinesa torná-la uma cidade pouco apta para correr ao ar livre.

O céus azul que espera Usain Bolt, Mo Farah e Allyson Felix não é mesmo sobre o qual os pequineses habitualmente vivem.

Essa melhora foi resultado das restrições à atividade normal da cidade e nas áreas ao ao seu redor, impostas pelo governo chinês para que os desportistas possam respirar sem riscos.

“A qualidade do ar melhorou em Pequim, mas ainda há um caminho a percorrer antes de a cidade alcançar padrões internacionais seguros”, afirmou o representante da Organização Mundial da Saúde (OMS) na China, Bernhard Schwartländer, à Agência Efe.

“A exposição de curto prazo à poluição atmosférica pode piorar problemas cardíacos e pulmonares já existentes e aumentar o risco de ataques. O exercício ao ar livre nos dias de forte poluição exacerba estes riscos”, explicou Schwartländer.

Consciente dos perigos para a saúde que a poluição traz, o governo chinês determinou nos últimos dias restrições draconianas ao tráfego, que reduziram, na prática, à circulação à metade.

“Tomamos todo tipo de medidas de controle durante as competições e antes”, justificou Chen Jie, subsecretário-geral do comitê organizador do Mundial de Atletismo de Pequim.

“Deixamos de utilizar veículos antigos, interrompemos o funcionamento de várias centrais energéticas, empresas poluentes e obras. Além disso, determinamos outras medidas, como proibir churrasqueiras ar livre e restringir o tráfego de veículos de acordo com o número da placa”, detalhou Chen.

Mas os milhares de praticantes de corridas de Pequim não têm tanta sorte no dia a dia quanto as grandes estrelas do atletismo.

Para eles, o momento-chave dos treinamentos acontece antes de calçarem os tênis: é quando testam os níveis de poluição e decidem se poderão sair ao ar livre ou não.

“A poluição me afeta muito. Todo dia testo quanta poluição há e, se for muita, não saio para correr”, disse Li, um jovem que se prepara para a Maratona de Pequim que acontecerá em setembro.

A OMS recomenda evitar o exercício ao ar livre nos dias de mais poluição. No entanto, esse conselho foi ignorado na última edição da 34ª Maratona de Pequim, em 19 de outubro do ano passado, uma data que entrou para as páginas negras da história do atletismo, a mesma cor que ficaram as mascaras dos atletas ao fim da corrida.

Nesse dia foi registrada uma uma concentração de quase 400 microgramas por metros cúbicos de ar de partículas PM2,5, as que têm diâmetro inferior aos 2,5 mícrons e mais prejudiciais à saúde, um nível considerado “perigoso” pelas autoridades sanitárias.

“Como era minha primeira vez, nem soube enquanto estava correndo, estava nervosa demais. Mas depois tive dor de cabeça durante uma semana”, contou Hanneke de Groot, uma holandesa que vive em Pequim e completou a meia maratona.

Li, emocionado com a possibilidade de ver seus ídolos em Pequim, e enquanto treina para correr em setembro os 42,195 quilômetros da maratona, espera que o Mundial de amanhã sirva para cultivar a paixão pelo atletismo na capital chinesa.

“É preciso inspirar a mais gente a correr. A poluição pode ser evitada e, se houvesse mais fãs do esporte, o governo se sentiria mais obrigado a deixar os céus limpos sempre”. EFE

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