Perícia não é realizada em avião de Cumbica por falta de escada
Perícia em aenonave que teve peças roubadas em Cumbica não foi realizada por falta de uma escada. Com exclusividade, a Jovem Pan teve acesso a um laudo pericial solicitado pelo delegado Hailton Muniz do 3º Distrito Policial de Guarulhos no qual requisita exame junto ao instituto de criminalística para averiguar o furto de componentes no Airbus A300, prefixo PP SNM.
O fato alarmante é que a perícia não foi realizada no interior da aeronave porque as portas estavam fechadas e não havia uma simples escada de acesso.
Estarrecido, o proprietário do avião arrematado num Leilão do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) que pediu para não ser identificado com receio de retaliações pergunta como, no maior aeroporto da América do Sul, o de Cumbica, não havia sequer uma escada para a realização da perícia. Ele questiona também a desistência tão fácil por parte da perita criminal Dra Daniele Alves Nogueira.
“No meu boletim de ocorrência está dito que foram furtadas as peças da cabine. Naturalmente essas peças estão dentro do avião e não do lado de fora, na fuselagem, né?”, ironizou.
“O que eu pedi, na verdade, era que tivessem periciado o que foi roubado dentro do avião. Apenas teria que ter sido posto uma escadinha, subido pelo compartimento, lá não tem fechadura nenhuma, daí ira se constatar um roubo de lavada, mas não foi isso que a polícia fez”, lamentou. “Na hora que chegaram no avião para fazer a perícia, olharam do lado de fora e viram que era muito grande.”
O proprietário decidiu se dirigir a São Paulo novamente para pedir uma nova perícia e espera ter mais sorte da próxima vez.
“Tragicômico”
Já o vice-presidente da Academia Brasileira de Direito Aeronáutico, Fábio Anderson, classifica como tragicômico a perícia não ter sido realizada por falta de escada.
“É tragicômico. Eu acho que é uma questão de comunicação. O juiz não tem a obrgação de fornecer a escada, mas uma solicitação do juízo para que a Infraero ou o administrador do aeroporto forneça uma escada é completamente viável”, avaliou.
Anderson lembra ainda que “os aeroportos estavam como depositários desses bens, então têm que dar a garantia mínima para que eles não sejam violados”.
Para o presidente do Instituto de Transporte Aéreo do Brasil, Adyr da Silva a ocorrência de roubo em plena área controlada é “inconcebível”.
O problema do roubos de peças ocorre em diversos aeroportos do Brasil administrados pela iniciativa privada e pela infraero.
Outro proprietário de aeronave, desgostoso e demonstrando arrependimento, é enfático. Ele não recomenda nem ao pior inimigo entrar num leilão de aviões no Brasil. “É dor de cabeça. É burocracia que não acaba mais”, lamenta.
Ouça a reportagem completa no áudio acima.
*Observações sobre a galeria de imagens acima:
O Airbus da Vasp no cemitério em Guarulhos (GRU). Na galeria, há fotos marcadas feitas em 30/09/13, antes do primeiro leilão de que ele foi objeto. Imagens da mesma cabine, do mesmo avião, tiradas entre março e maio de 2014, revelam os buracos de onde os instrumentos foram levados. O GRU Airport alega que os instrumentos foram retirados antes da concessão, o que não é verdade, vide as fotos de 30/09/13.
A MNO, empresa que picotou os aviões de Congonhas e Recife com tesoura hidráulica, ao fazer o serviço em Recife no ano passado, entre a primeira vez em que entraram no avião e a segunda, após uma interrupção de cerca de duas semanas, notaram o desaparecimento de instrumentos e peças. À época fizeram três fotos da galeria, quando os instrumentos haviam sido retirados. Os aviões em Recife que foram picotados e, antes, furtados internamente foram também aparecem nas imagens acima.
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