Peronismo denuncia complô contra governo da Argentina após morte de promotor

  • Por Agencia EFE
  • 22/01/2015 23h07

Buenos Aires, 22 jan (EFE).- A cúpula do peronismo denunciou nesta quinta-feira um ataque global de agentes de inteligência, juízes, grupos econômicos e meios de comunicação opositores para “afundar” o governo por causa da denúncia apresentada contra Cristina Kirchner pelo promotor Alberto Nisman e sua morte em estranhas circunstâncias.

Os principais dirigentes peronistas se reuniram hoje em um ato na sede do Partido Justicialista (PJ) em Buenos Aires, onde assinaram um comunicado no qual lamentaram a morte do promotor e se somaram à postura manifestada pela presidente, Cristina Kirchner, que assegurou hoje que não acredita que Nisman tenha se suicidado.

O PJ alertou para “a intenção de setores que perante a conjugação de interesses entre agentes de inteligência deslocados, juízes e promotores com clara posição opositora” acham que “estão perante uma oportunidade única para afundar o governo” e criticaram também os meios de comunicação “dispostos a divulgar falsidades”.

No documento, que foi lido pelo deputado governista Jorge Landau, o peronismo pediu que esclareçam “de forma imediata” as causas da morte de Nisman com a finalidade de esclarecer “quem pressionava e extorquia” o promotor.

Estiveram presentes no ato o chefe de gabinete do governo, Jorge Capitanich, o ministro da Defesa, Agustín Rossi, o governador da província de Buenos Aires, Daniel Scioli, o titular do Partido Justicialista, Eduardo Fellner, e o presidente da Câmara dos Deputados, Julián Domínguez, entre outros.

“Pedimos ao juiz que averigue todas as pistas” para “acabar com os abutres” que atacam o governo, sustenta o documento, no qual pedem limpeza de métodos para controlar a “sujeira” destilada por essa causa.

“Não dependamos de agentes de inteligência que representaram em muitas épocas o pior de nossa sociedade”, acrescentaram.

Nesse sentido, o ministro da Defesa disse à Agência Efe que “a morte do promotor Nisman é uma morte que dói em todos e vai doer mais se ficar impune, motivo pelo qual encorajamos que se leve adiante a investigação e se saiba quem foram os responsáveis”.

“Nós não acreditamos que tenha havido um suicídio”, declarou Rossi, em respaldo da teoria defendida pela presidente Cristina.

Além disso, a cúpula do Partido Justicialista defendeu o papel de Cristina e do chanceler argentino, Héctor Timerman, no esclarecimento do atentado contra a associação mutual israelita Amia, que deixou 85 mortos em 1994, e cuja investigação estava a cargo de Nisman.

Os peronistas asseguraram aomda que a denúncia apresentada pelo promotor apenas quatro dias antes de sua morte contra a presidente e vários de seus colaboradores – por supostamente orquestrar um plano para encobrir aos supostos responsáveis iranianos do atentado – carece de “sustentação”.

“Apoiamos enfaticamente a nossa presidente”, reiteraram no comunicado, no qual pediram “a cessação do uso da mentira, da calúnia e da difamação como ferramenta política a serviço de obscuros interesses”.

Nisman foi achado morto em seu apartamento, com um tiro na têmpora, horas antes de comparecer perante o Congresso para ampliar detalhes da denúncia que tinha apresentado contra Cristina e o chanceler argentino, entre outros dirigentes governistas.

As circunstâncias da morte de Nisman ainda não foram esclarecidas e as novas provas achadas somam incerteza sobre a causa.

Em mensagem postada em seu blog, a própria presidente comentou hoje que está “convencida” que a morte de Nisman “não foi um suicídio”. EFE

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