Peru quer compromisso do Chile de que espionagem não se repetirá

  • Por Agencia EFE
  • 09/03/2015 01h11
  • BlueSky

Lima, 8 mar (EFE).- O chanceler do Peru, Gonzalo Gutiérrez, afirmou neste domingo que seu país quer “o compromisso” do Chile de que os supostos atos de espionagem, como o que motivou o retirada do embaixador peruano em Santiago, não se repetirão.

“As crises podem gerar oportunidades, temos que superar esta, primeiro, com uma satisfação, mas próximo passo é o compromisso de que este tipo de ato não se repetirá”, declarou Gutiérrez ao programa jornalístico Cuarto Poder, da emissora local “América Television”.

O governo do Peru anunciou no sábado a retirada de seu embaixador no Chile, Fernando Rojas, e condicionou seu retorno às investigações e “às satisfações” que receber sobre a suposta espionagem pela qual três suboficiais da Marinha de Guerra peruana estão sendo investigados.

Gutiérrez também considerou hoje que este caso não teve relação com o litígio por limites marítimos que os países tiveram até ano passado na Corte Internacional de Justiça (CIJ) de Haia.

“A informação não tem a ver diretamente com o caso de Haia, apesar de coincidir no tempo… se tratava de informação relativa ao status da Marinha de Guerra do Peru”, disse.

Gutiérrez também reiterou que o embaixador Rojas não voltará a Santiago até que o Peru “receba uma explicação satisfatória” do governo chileno sobre esta denúncia.

“Esperemos que seja o tempo mais curto possível, nós queremos superar esta situação. Não é positivo manter neste estado as coisas, mas o Peru requer uma explicação deste fato controverso”, cotou.

O ministro se recusou revelar o conteúdo da resposta reservada que o Chile enviou à nota de protesto peruana e disse que “talvez no futuro possamos ver este caso em perspectiva, conhecer os passos que temos dado”.

O presidente do Peru, Ollanta Humala, afirmou hoje que seu governo defende os interesses de seu país “com patriotismo e transparência” e ressaltou que por ser este “um tema tão sensível” deixava seu manejo nas mãos da Chancelaria.

De acordo com as investigações preliminares, três suboficiais da Armada peruana foram captados em 2006 e 2011 por supostos militares chilenos para quem entregaram informação confidencial.

Por esse motivo, o tribunal militar abriu um processo pelos delitos de traição à pátria, inconfidência e desobediência contra o analista de informação de inteligência Alfredo Marino Domínguez, o operador de comunicações Johnny Richard Pilco e o técnico Alberto González da Marinha de Guerra.

O crime de traição à pátria tem pena de 20 anos de prisão, o de inconfidência de no máximo dez, e o de desobediência com até cinco anos de prisão.

O Peru já havia chamado para consultas seu embaixador no Chile em 20 de fevereiro, quando enviou uma primeira nota de protesto pedindo explicações pelo caso de espionagem, que foi respondido pelo Chile, de maneira reservada, em 3 de março.

A Chancelaria peruana replicou no sábado com a retirada de seu embaixador e disse que as ações de espionagem estão devidamente credenciadas, por isso enviou informação complementar via nota diplomática em 20 de fevereiro.

Após conhecer-se a medida do governo peruano, o chanceler do Chile, Heraldo Muñoz, assinalou que se trata “uma decisão soberana” e anunciou que responderá à nota diplomática de maneira reservada, “como corresponde”. EFE.

  • BlueSky

Comentários

Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.