PF deflagra operação para apurar vantagens da JBS no mercado financeiro
A Polícia Federal, em ação coordenada com a Comissão de Valores Mobiliários – CVM, deflagrou na manhã desta sexta-feira (9) a operação Tendão de Aquiles, que apura o uso indevido de informações privilegiadas por parte da JBS em transações de mercado financeiro ocorridas entre abril e maio de 2017.
A PF cumpre três mandados de busca e apreensão e nas empresas do grupo JBS S/A e quatro mandados de condução coercitiva, expedidos, a pedido da PF, pela 6ª Vara Criminal Federal de São Paulo.
A CVM também investiga se a empresa de Wesley e Joesley Batista se aproveitou da divulgação de trecho da delação em que acusa o presidente Michel Temer para, dias antes, vender ações da empresa e comprar dólares. Estima-se que a empresa posicionou a compra de US$ 1 bilhã. Nos dias anteriores à divulgação de parte do áudio da conversa entre Joesley e Temer, em meados de maio, a empresa vendeu R$ 327,4 milhões de suas ações. No dia seguinte ao vazamento do áudio, o dólar subiu mais de 8% em relação ao real.
O inquérito policial, no entanto, foi instaurado em 19 de abril.
A investigação apura dois eventos: a venda de ações de emissão da JBS S/A na bolsa de valores, por sua controladora, a empresa FB Participações S/A, no final do mês de abril, em período concomitante ao programa de recompra de ações da empresa, reiniciado em fevereiro de 2017; e a compra de contratos futuros de dólar na bolsa de futuros e a termo de dólar no mercado de balcão, entre o final de abril e meados de maio de 2017.
Há indícios de que essas operações ocorreram com o uso de informações privilegiadas, gerando vantagens indevidas no mercado de capitais num contexto em quase todos os investidores tiveram prejuízos financeiros.
Os investigados poderão ser responsabilizados pelo crime previsto no artigo 27-D da Lei 6.385/76, com penas de 1 a 5 anos de reclusão e multa de até três vezes o valor da vantagem ilícita obtida.
A PF e a CVM atuam em cooperação desde 2010, quando foi firmado um acordo de cooperação entre as duas instituições, com o fim de combater atos ilícitos contra o mercado de capitais.
Não haverá entrevista coletiva.
Com nota da Polícia Federal
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