PM prende seis manifestantes em novo confronto com estudantes em SP

  • Por Agência Brasil
  • 03/12/2015 22h42
SÃO PAULO, SP, 03.12.2015: EDUCAÇÃO-PROTESTO - Na Faria Lima, perto da avenida Rebouças, houve correria após a PM usar bombas de gás e estudantes entraram em confronto com a Polícia Militar, estudantes foram detidos - Estudantes fecharam ao menos oito vias de grande circulação de veículos em manifestação contra a reorganização de escolas estaduais na manhã desta quinta-feira (3). (Foto: Fábio Vieira/FotoRua/Folhapress) Folhapress PM prende seis manifestantes em novo confronto com estudantes na capital paulista

A Polícia Militar (PM) prendeu nesta quinta-feira (3) e encaminhou para o 14º Distrito Policial seis pessoas, durante as manifestações de estudantes ocorridas na capital paulista, contra a reorganização escolar e o fechamento de escolas estaduais, promovida pelo governador Geraldo Alckmin.

Três presos, maiores de 18 anos ficarão detidos no 91º DP e nesta sexta estarão à disposição da Justiça para passar por audiência de custódia, informou a Secretaria de Segurança Pública. Os outros já foram liberados.

Pela manhã, houve protestos de um grupo de alunos na Marginal Pinheiros e em ruas da região do Butantã. Quando seguiam para a escola estadual Fernão Dias, no bairro de Pinheiros, por volta das 10h, aconteceu o primeiro confronto com os policiais. Os manifestantes se dispersaram e voltaram a se reunir nas proximidades da Avenida Brigadeiro Faria Lima. Às 10h30, houve novo confronto e quatro estudantes foram detidos, um dos quais menor de idade. Acompanhado dos pais, o menor já deixou a delegacia.

Por volta de 13h, cerca de 30 estudantes chegaram até as proximidades da 14ª DP para acompanhar a situação dos detidos. A PM decidiu, então, bloquear o acesso dos estudantes ao trecho da rua em que fica o 14º DP. Os policiais ficaram enfileirados atrás de cones e de uma fita de isolamento.

Os manifestantes pediam liberação para passar e chegar até o DP, onde estavam os detidos, e gritavam palavras de ordem. A polícia começou a jogar bombas de gás, o que afastou os estudantes e eles começaram a recuar, caminhando na direção oposta ao bloqueio, por volta de 14h. A tenente Sarah de Carvalho disse que o objetivo da polícia, ao usar as bombas, era de “desinterditar a via” e afirmou que não houve agressão aos policiais por parte dos estudantes. Segundo ela, houve resistência à prisão.

Após a primeira bomba de gás, um grupo de pelo menos dez policiais passou caminhar atrás dos manifestantes pela rua Lacerda Franco até chegarem na esquina com a rua Teodoro Sampaio, onde havia uma feira livre que interditava a via. Uma estudante de jornalismo gritou aos manifestantes que os policiais estavam com bombas nas mãos. Uma confusão se formou em volta dela e ela saiu algemada, mesmo sem apresentar resistência. Ela foi levada a pé por policiais para o 14º DP. Minutos depois, mais um estudante foi preso no mesmo local, esquina da rua Deputado Lacerda Franco com a rua Teodoro Sampaio, e carregado por quatro policiais também a pé.

Já era 14h30, quando manifestantes e jornalistas seguiam os policiais e detidos na direção da delegacia. Na esquina anterior ao 14º DP, altura da rua Cardeal Arcoverde, um novo cordão de policiais começou a impedir que as pessoas passassem. Alguns policiais agiram de forma violenta. Um policial estava barrando os jornalistas, quando uma estudante de 18 anos passou por ele caminhando. Ele se virou e a pegou pelos cabelos, derrubando a jovem no chão.

Ela estuda na escola Godofredo Furtado, rua João Moura, e disse que ficou assustada com a agressão. “[Outros estudantes] me arrastaram para o lado porque eu estava muito nervosa. Não tem como não ficar nervosa. Um policial me bateu e não tinha necessidade, ele me puxou pelo cabelo e me derrubou. Foi desnecessário”, declarou.

Os dois homens e uma mulher que permanecem presos vão responder por corrupção de menor, lesão corporal, dano qualificado, resistência, desacato e desobediência, segundo informação da polícia De acordo com o delegado Jaime Pimentel Júnior, responsável pelo caso, a participação de um adolescente com eles justificou a tipificação do crime de corrupção de menores, nos termos do Estatuto da Criança e do Adolescente: “Os maiores têm que dar exemplo para os menores e não ensinar a praticar crime”.

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