Polanski comparece perante a justiça polonesa por pedido extradição dos EUA
Nacho Temiño
Varsóvia, 25 fev (EFE).- Roman Polanski compareceu nesta quarta-feira, a portas fechadas, perante um tribunal da Cracóvia (sul da Polônia) no marco da solicitação de extradição apresentada pelos Estados Unidos por um delito de abuso sexual contra uma menor de 13 anos cometido na Califórnia em 1977.
Polanski chegou acompanhado por seus advogados e nem ele e nem seus defensores quiseram fazer declarações aos meios de comunicação que esperavam na entrada do tribunal, onde havia uma grande expectativa pela presença do cineasta.
O diretor testemunhou perante o tribunal a portas fechadas, como dias atrás reivindicou sua defesa, a fim de salvaguardar sua privacidade perante o interesse midiático do caso.
Antes da chegada de Polanski à Corte, o presidente do tribunal, Dariusz Marzur, tinha advertido à imprensa que não devia esperar para hoje uma decisão sobre a entrega ou não do cineasta, e antecipou que o processo demorará provavelmente várias semanas até estudar toda a documentação apresentada, sem precisar uma data.
No comparecimento de hoje, a promotoria apresentou as razões pelas quais admitiu o trâmite de solicitação de extradição, enquanto a defesa do diretor pediu ao tribunal polonês que leve em conta a decisão tomada pelas autoridades suíças em 2010, quando negaram sua entrega aos Estados Unidos.
Se os magistrados decidirem neste caso a favor da extradição, o ministro da Justiça, Czesary Grabarczyk, deverá decidir em última instância se dá ou não sinal verde ao processo. Mas se o tribunal negar o pedido, a decisão será firme e definitiva.
A solicitação de extradição foi apresentada em janeiro e, após ser admitida pela promotoria da Cracóvia, foi remetida ao tribunal competente dessa mesma cidade.
Nos últimos meses, Polanski passou temporadas na Cracóvia, onde prepara a rodagem de um filme sobre o caso Dreyffus, que deve começar no meio do ano, e alugou o apartamento no qual viveu em sua infância.
A presença do diretor na Polônia foi aproveitada pelos Estados Unidos para solicitar sua extradição.
Mas as tentativas para Polanski ser extraditado aos EUA começaram muito antes e em 2009 foi vivido um de seus capítulos mais conhecidos, quando as autoridades americanas solicitaram à Suíça a detenção do diretor, que tem nacionalidade francesa e polonesa.
O cineasta foi detido no aeroporto de Zurique e passou três meses na prisão e outros sete sob prisão domiciliar, até que, finalmente, a Suíça negou sua extradição e o colocou em liberdade.
Naquele período de detenção, Varsóvia dedicou a Polanski uma estrela na “Calçada da fama” da capital polonesa junto a uma de suas frases mais populares.
Um ano mais tarde, os Estados Unidos voltaram a reivindicar a extradição, nesse caso à Polônia, embora o Escritório do Procurador-Geral polonês tenha concluído que o delito pelo qual era requerido já havia sido prescrito segundo a legislação polonesa.
Mais adiante, em outubro de 2014, a Justiça polonesa desprezou o pedido de detenção dos Estados Unidos para o diretor de cinema, que participava naquele momento da inauguração do Museu de História Judia de Varsóvia.
Agora, após o novo pedido americano, em janeiro, a promotoria da Cracóvia decidiu aplicar o tratado de extradição “incondicional” entre Estados Unidos e Polônia, e aceitou tramitar a solicitação, embora sem considerar pertinente em nenhum momento a detenção do diretor.
Polanksi, de 81 anos e ganhador de um Oscar como melhor diretor pelo filme “The Pianist” (“O pianista”, 2002), responde à acusação de ter mantido relações sexuais com uma jovem de 13 anos, Samantha Geimer, delito pelo qual se declarou culpado em 1977 e pelo qual passou 42 dias em uma prisão californiana, sendo libertado mediante pagamento de fiança.
Em 1978, o diretor fugiu dos Estados Unidos antes da audiência para fixar a pena, por temor de que o juiz ditasse uma condenação severa.
Embora o cineasta tenha chegado há anos a um acordo econômico com Geimer, que retirou todos as acusações, em 24 de dezembro um tribunal de Los Angeles rejeitou o pedido de sua defesa para encerrar definitivamente o caso, que o impede de pisar nos EUA.
O diretor vive habitualmente na França junto com sua esposa, a atriz Emmanuelle Seigner, e seus filhos. EFE
nt/ff
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