Polícia cerca sede do partido governamental em Mianmar

  • Por Agencia EFE
  • 13/08/2015 02h57

Bangcoc, 13 ago (EFE).- A polícia de Mianmar cercou a sede do partido governamental na capital do país, Naypyidaw, por causa de disputas internas que levaram à destituição do presidente da legenda, Shwe Mann, informou nesta quinta-feira a imprensa local.

Segundo o portal “Irrawaddy”, o vice-presidente da formação, Htay Oo, tomou na noite de quarta-feira o comando do Partido para a União, Solidariedade e Desenvolvimento (PUSD) perante a crescente tensão entre seus líderes pela seleção de candidatos para as eleições de 8 de novembro.

O PUSD foi promovido pela junta militar que governou Mianmar até a formação em 2011 do atual Executivo civil, integrado por antigos oficiais do exército.

Shwe Mann, que preside o parlamento e é considerado próximo à líder opositora Aung San Suu Kyi, está recluso em sua residência na capital custodiado pelas forças de segurança, indicaram fontes de sua família ao portal.

As mesmas fontes asseguraram que também foi destituído o secretário-geral do PUSD, Maung Maung Thein.

Da mesma forma que outros membros do governo, entre eles o presidente birmanês, Thein Sein, Shwe Mann foi um general da última junta militar que deixou as forças armadas para apresentar-se às eleições de 2010, as primeiras em duas décadas.

A disputa no PUSD coincide com o enfrentamento que várias de suas facções travam com o exército e que se evidenciou em junho quando o parlamento debateu várias emendas à Constituição para reduzir o poder dos militares.

Um das mudanças, que foi rejeitada apesar do apoio do PUSD, propunha diminuir a maioria de 75% necessária para reformar a Constituição, que reserva 25% das cadeiras ao exército e lhe dá assim poder de veto.

Nesta semana 149 oficiais deixaram o exército para apresentar-se como candidatos do PUSD às eleições, mas apenas 59 deles foram aceitos na quarta-feira pela legenda.

Meios de comunicação locais informaram no mesmo dia que o presidente Thein Sein, de 70 anos, não tentará reeleição nem concorrerá por uma cadeira parlamentar após alegar motivos de saúde.

As eleições gerais de 8 de novembro acontecerão de acordo com a Constituição de 2008, redigida e aprovada sob a última junta militar e que entre outras disposições veta a chefia do Estado para Suu Kyi.

Após quase meio século de ditadura militar, Mianmar começou em 2011 um processo de reformas políticas, econômicas e sociais dirigido por Thein Sein – primeiro-ministro do regime anterior -, destinadas a estabelecer uma “democracia disciplinada”. EFE

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