Polícia chinesa muda acusações contra feministas ao apresentá-las à Justiça
Pequim, 11 abr (EFE).- A polícia chinesa mudou as acusações contra as cinco jovens feministas presas no dia 7 de março, um dia antes da celebração do Dia Internacional da Mulher, ao apresentá-las à Justiça e agora denuncia o grupo de “reunir multidões para atrapalhar a ordem em um espaço público”, crime que pode resultar em até cinco anos de prisão.
Segundo a edição deste sábado do jornal “South China Morning Post”, que cita um advogado das mulheres, Liang Xiaojun, a polícia modificou ontem as acusações iniciais de “alterar e causar problemas a ordem pública” ao apresentar o caso à promotoria, que tem que decidir se abre ação contra elas.
Os promotores chineses têm até segunda-feira para decidir se colocam as cinco mulheres em liberdade ou se elas serão acusadas formalmente pelo crime. Segundo o advogado, a polícia optou por enfatizar as ameaças à ordem para sugerir que elas representavam um perigo para segurança pública.
Wu Rongrong, Wei Tingting, Wang Man, Zheng Churan e Li Tingting, de idades entre 20 e 30 anos, foram presas após distribuírem panfletos e adesivos contra o assédio sexual no transporte público em diversas cidades da China, entre elas Pequim.
Nos últimos anos, e, sobretudo depois da chegada de Xi Jinping à presidência em 2013, muitos ativistas de direitos humanos foram detidos e condenados por causa de acusações similares, entre eles o fundador do Movimento Novo Cidadão, Xu Zhiyong, um grupo civil que luta contra a corrupção no país.
As mulheres detidas fazem parte do grupo feminista mais ativo na China e são conhecidas pela criatividade e humor de suas iniciativas para lutar pelos direitos da mulher e da comunidade LGBT no país.
A prisão desencadeou uma grande campanha de protestos internacional, incluindo declarações, por exemplo, da ex-secretária de Estado dos Estados Unidos, Hillary Clinton. Dentro da China, apesar da intimidação e da censura do regime, estudantes e trabalhadores fizeram manifestações pedindo a libertação das feministas.
O governo chinês respondeu às críticas de modo similar ao ocorrido em casos similares, afirmando que administrará a situação das mulheres “de acordo com a lei”. EFE
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