Polícia de Israel acha corpo de jovem palestino e investiga possível vingança

  • Por Agencia EFE
  • 02/07/2014 06h54
  • BlueSky

Jerusalém, 2 jul (EFE).- A polícia israelense investiga um possível caso de vingança após ter encontrado nesta quarta-feira o corpo de um adolescente palestino com sinais de violência em uma mata de Jerusalém, pouco depois que foi denunciado o desaparecimento de um jovem no leste da cidade.

Trata-se da principal via de investigação devido ao ambiente antiárabe que reina na cidade após o enterro ontem dos três estudantes judeus desaparecidos e encontrados mortos na Cisjordânia, mas os agentes também não descartam a possibilidade de “um crime de honra”.

Testemunhas explicaram para a Agência Efe que ontem à noite viram um menino ser forçado a entrar em um carro na saída da mesquita do bairro de Shuafat, perto de uma zona comercial situada em Jerusalém Oriental.

O porta-voz da polícia, Micky Rosenfeld, confirmou que haviam “recebido uma denúncia de que um menino tinha sido obrigado a entrar em um veículo e que poderia ter sido sequestrado”.

Agentes e membros dos serviços secretos internos estão a cargo da investigação, acrescentou.

“A polícia descobriu o corpo em uma mata de Jerusalém e agora investiga se há conexão entre o menino desaparecido e o corpo encontrado”, acrescentou.

Ontem à noite, quatro adolescentes israelenses foram detidos depois que atacaram dois palestinos que trabalhavam no centro de Jerusalém, onde dezenas de pessoas se manifestaram aos gritos de “morte aos árabes” para pedir vingança pelo assassinato dos três estudantes judeus na Cisjordânia.

Segundo a imprensa local, policiais prenderam um jovem judeu mascarado quando este tentava atacar um funcionário de uma famosa rede de fast-food americana em Jerusalém.

Além disso, outros três adolescentes também foram detidos quando tentavam cometer uma ação semelhante contra um palestino de origem beduína, funcionário de uma loja no coração comercial de Jerusalém, onde trabalham vários palestinos.

O site do jornal “Yedioth Ahronoth” informou, além disso, que alguns enfrentamentos ocorreram na Rua Jaffa, principal via comercial de Jerusalém, onde manifestantes bloquearam os acessos, tentaram invadir o mercado de Menahe Yehuda e gritaram palavras de ordem como “morte aos árabes”, exigindo vingança pelo assassinato dos três jovens estudantes.

“A polícia israelense teve que resgatar um jovem que ficou no meio da manifestação contra os árabes na Rua Jaffa de Jerusalém e pediu reforços para retirá-lo. Os manifestantes tentaram atacá-lo e a polícia teve que usar a força para evitar o pior”, acrescentou.

A polícia israelense elevou na última segunda-feira o alerta de suas forças para o nível 3, de um total de 5, após a descoberta dos corpos dos três jovens judeus que estavam desaparecidos desde 12 de junho, quando pediam carona na Cisjordânia, pelo temor de uma deterioração da situação e de possíveis represálias de nacionalistas judeus.

Um porta-voz oficial confirmou então para a Efe que a polícia tinha aumentado a vigilância em todo o país por causa de “vários fatores”, entre eles a deterioração da situação no sul de Israel depois que foguetes foram disparados da Faixa de Gaza, o que voltou a se repetir durante a noite de ontem.

Outra razão era o temor de que nacionalistas judeus resolvessem fazer justiça com as próprias mãos para vingar o assassinato dos três adolescentes, que foram enterrados ontem em um grande e comovente funeral na cidade de Modin, após 19 dias de buscas e angústia.

A medida acabou se refletindo em um maior número de patrulhas por todo o país, segundo o porta-voz.

Uma delas resgatou, ainda na segunda-feira, um funcionário palestino de uma pizzaria em Jerusalém, que ficou encurralado por dezenas de clientes que protestavam por sua presença no local e exigiam que saísse dali imediatamente.

Os olhares apontam para o grupo “Tag Mehir” (o preço a pagar), com um longo histórico de ataques contra alvos palestinos, como o mais propício a realizar ações de vingança. EFE

  • BlueSky

Comentários

Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.