Polícia dispersa com violência manifestantes opositores no Camboja
Bangcoc, 4 jan (EFE).- Dezenas de policiais e guardas de segurança agrediram e expulsaram neste sábado os opositores que se manifestam na capital do Camboja há mais de duas semanas contra o governo, acusado de fraudar as últimas eleições.
As forças de segurança também destruíram o acampamento montado no Parque da Liberdade, centro dos protestos liderados pelo Partido para o Resgate Nacional do Camboja (PRNC), de oposição.
“Pistoleiros com barras de metal e canos de ferro agrediram monges e mulheres para dispersar os manifestantes pacíficos do Parque da Liberdade”, escreveu no Twitter um jornalista do “Cambodia Daily”.
O fato aconteceu um dia depois que pelo menos cinco manifestantes morreram após serem atingidos por disparos da polícia nos enfrentamentos durante a greve por melhorias salariais dos trabalhadores do setor têxtil nos arredores da capital Phnom Penh.
A Anistia Internacional (AI) emitiu um comunicado ontem denunciando a violência policial contra os grevistas no Camboja e pediu uma investigação sobre a morte dos manifestantes no conflito, exigindo que o governo cambojano encontrasse os culpados pela violência.
“Em pelo menos quatro ocasiões nos últimos meses, as forças de segurança usaram força excessiva e desnecessária, inclusive com munição letal, contra manifestantes e transeuntes”, disse Rupert Abbott, investigador da AI no Camboja.
“Com tantas violações de direitos humanos no Camboja, a falta de investigação desses incidentes é um exemplo da cultura de impunidade no país”, acrescentou Abbott.
O governo e a oposição mantiveram negociações de forma intermitente para se chegar a uma saída para a crise política que se agravou após mais de duas semanas de protestos.
A oposição exige uma reforma do sistema eleitoral e a repetição das eleições de julho do ano passado, pois consideram que houve várias irregularidades.
O Partido do Povo do Camboja (PPC), que conseguiu 68 cadeiras nas últimas eleições, frente a 55 da oposição, pretende limitar o diálogo à reforma eleitoral, da qual ambos os grupos políticos chegaram a um princípio de acordo em setembro.
O PRNC boicotou a formação do Parlamento e se negou a tomar posse de suas cadeiras até que sejam investigadas suas denúncias de fraude eleitoral, pois considera que venceu o pleito com a eleição de 63 parlamentares. EFE
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