Polícia e manifestantes se enfrentam em Istambul em protesto contra censura
Istambul, 8 fev (EFE).- Milhares de pessoas se manifestaram no centro de Istambul neste sábado contra o recente endurecimento das leis de controle da internet e enfrentaram a polícia, que utilizou grandes quantidades de gás lacrimogêneo e canhões de água para dispersá-los.
Segundo constatou Efe no local, os manifestantes não conseguiram chegar até a praça Taksim, onde queriam protestar, barrados pelo enorme efetivo da polícia turca, que incluiu veículos blindados.
O bairro inteiro em torno da praça e da rua comercial Istiklal foi tomado por gás lacrimogêneo, enquanto os manifestantes gritavam palavras de ordem como “fim à censura”.
Os manifestantes, a maioria jovens, montaram barricadas para bloquear as ruas, lançaram petardos e queimaram latas de lixo, e os antidistúrbios responderam com grandes quantidades de água à pressão e gás lacrimogêneo.
O parlamento turco aprovou na quarta-feira uma controvertida lei que reforça o controle estatal sobre internet.
A oposição diz se tratar de censura, que a lei limita a liberdade de expressão, enquanto o governo islamita do primeiro- ministro, Recep Tayyip Erdogan, diz que só protege a privacidade.
A legislação foi aprovada graças à maioria absoluta que o governo, do partido fundamentalista islâmico da Justiça e o Desenvolvimento (AKP), tem.
O item mais polêmico é o enorme poder que terá a Direção de Telecomunicações, um organismo estatal, para acessar dados privados sem mandado judicial.
Essa autoridade poderá solicitar e guardar as comunicações e os dados de tráfego de servidores e provedores da internet sem precisar dar justificativas.
Além disso, poderá bloquear qualquer site que, segundo sua opinião, considere que violou a privacidade ou seja considerado discriminatório ou insultante, inclusive quando ninguém tenha solicitado tais medidas.
Associações de jornalistas turcos e internacionais, assim como a Comissão Europeia, expressaram preocupação com a nova lei.
Os jornalistas turcos dizem que o governo só pensou em reforçar os controles sobre internet quando conheceu a investigação a altos membros do AKP por corrupção em dezembro e quando vazaram na internet conversas comprometedoras de altos cargos do partido. EFE
iut/cd
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