Polícia impede protestos de islamitas no Egito em aniversário do golpe

  • Por Agencia EFE
  • 03/07/2014 16h56

Edu Marín.

Cairo, 3 jul (EFE).- A polícia impediu nesta quinta-feira a realização de qualquer tipo de manifestação islamita no Egito, no primeiro aniversário da cassação militar do presidente Mohammed Mursi, e o dia terminou com pelo menos dois mortos e 230 detidos.

As duas vítimas morreram na cidade de Kerdasa, tradicional reduto islamita nos arredores do Cairo, enquanto manipulavam dois explosivos no interior de uma mesquita.

Nesta “jornada da ira”, batizada desta maneira pela islamita Aliança para a Defesa da Legitimidade, vários foram as tentativas de organizar manifestações maciças contra o que esta coalização, liderada pela Irmandade Muçulmana, qualifica de golpe de Estado.

O Ministério do Interior informou da prisão de pelo menos 230 pessoas em diferentes cidades do país pelo envolvimento na organização de manifestações não autorizadas e por incitação à violência.

Em uma nota, qualificou os 157 detidos de “arruaceiros”, acusados de causarem distúrbios e atacarem membros da polícia em diferentes províncias do país.

Outras 14 pessoas foram detidas na província de Beni Suef (no sul do Cairo), 1 em Minia (ao sul), cinco em Al Bahira (no norte), duas em Al Fayum (também no sul do Cairo) e duas em Al Garbiya (no norte) e na província do Mar Vermelho (no leste).

Além disso, outras 39 pessoas foram detidas de preventivamente na capital e outras cidades, acusadas também de organizar protestos não autorizados e incitar atos de violência.

Segundo a agência estatal de notícias “Mena”, um agente ficou ferido atingido por balas de chumbo durante os confrontos e foi transferido para o hospital de Mansura, no delta do rio Nilo.

No Cairo, no distrito de Guizé, a polícia dispersou um protesto islamita na rua Faiçal, contou à Efe um testemunha, que acrescentou que alguns dos manifestantes foram detidos e outros fugiram após uma troca de tiros com os agentes.

Logo depois alguns policiais deixaram o lugar em caminhões blindados e fazendo o símbolo da vitória, constatou a Efe.

Veículos policiais, cheios de homens armados – alguns deles adolescentes – com fuzis AK-47 e bombas de gás lacrimogêneo, ocuparam o bairro de Guizé e monitoravam pontos emblemáticos da capital para os islamitas.

A praça Al-Nahda, que junto com a de Rabea al Adawiya foi cenário dos protestos que pediam a restituição de Mursi e que foram violentamente dispersados pela polícia em agosto, estava cercada por veículos blindados das forças da ordem.

Era a mesma paisagem na frente da mesquita de Mustafa Mahmoud, no distrito de Mohandisin, que foi ponto de origem de algumas manifestações islamitas no passado.

A Universidade do Cairo, onde aconteceram confrontos entre jovens simpatizantes da Irmandade Muçulmana e a polícia desde a queda de Mursi, também estava cercada.

Em novembro de 2013, o Egito sancionou uma lei que exige o pedido de autorização para a convocação de protestos, o que tornou muito difícil para a Irmandade Muçulmana, declarada organização terrorista em dezembro, organizar manifestações legais.

No aniversário da cassação de Mursi, a Anistia Internacional (AI) denunciou um aumento das detenções arbitrárias e dos casos de torturas e mortes pela polícia no Egito, o que evidencia a deterioração dos direitos humanos no país.

A AI acrescentou que milhares de pessoas foram detidas no último ano como parte da repressão contra os seguidores de Mursi e de outros grupos e ativistas. EFE

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