Estudantes falam em “resistência pacífica”, mas já se preparam para deixar Centro Paula Souza
Os estudantes que ocupam há uma semana o Centro Paula Souza, responsável pelas Etecs e Fatecs em São Paulo, no centro da capital, acordaram cedo nesta quinta (5), dia em que está marcada a reintegração de posse do prédio. Os jovens manifestantes pedem melhora na qualidade da merenda nas escolas e investigações da máfia da merenda no estado.
A reocupação do Centro Paula Souza está marcada a partir das 10h desta quinta (5). Porém, até as 8h35, a Polícia Militar ainda não havia chegado ao local. A Secretaria de Segurança Pública diz que a reintegração não foi cancelada, como previam boatos surgidos entre os alunos.
Até as 9h a Polícia Militar deve tentar negociar com os estudantes uma retirada pacífica do local, segundo a decisão judicial de Luis Manuel Fonseca Pires. Os alunos não demonstram que resistirão com força à ação. Eles já estão com as malas prontas e mantimentos encaixotados, que seriam enviados a doação.
A estudante Maria Vitória, da Etec Roberto Marinho, garante, porém, que as reivindicações seguem em curso. “Originalmente a ideia é resistir pacificamente, não haver um confronto físico porque também fica uma coisa que é feia para a gente”, diz. “Tem vários alunos aqui que são de Etecs ocupadas e podem ir para as próprias escolas”, avalia a estudante.
“A gente não vai baixar, vamos continuar reivindicando as coisas querendo merenda e refeitório nas escolas”, completa Maria Vitória.
Não poderão ser utilizados pelas forças policiais instrumentos de dispersão como bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha, segundo a decisão judicial. O secretário de Segurança Pública Alexandre de Moraes obrigatoriamente estará presente no local acompanhando a ação da PM. Se ele não chegar até as 10h, a reintegração passa para as 14h. Se Moraes estiver ausente novamente, a retirada dos alunos será adiada.
A audiência de conciliação entre o governo do Estado e os alunos que ocupam o Centro Paula Souza, nesta quarta (4), terminou sem acordo.
Além da vedação de uso de arma letal e não letal e da presença de Moraes, outros três pontos serão obrigatórios: a presença de um oficial de justiça, de um representante do Conselho Tutelar e uma cópia da decisão de reintegração da 14ª vara.
A ocupação
Os estudantes ocupam o prédio do Centro Paula Souza há exatamente uma semana, desde 28 de abril, quando cerca de 150 pessoas pularam as grades e entraram no local.
Eles reclamam da merenda seca (composta de bolachas e sucos) oferecidas em algumas escolas técnicas do Estado de São Paulo (Etecs). Os alunos exigem a construção de restaurantes e cozinhas nas unidades e a entrega de vale-alimentação enquanto as obras são feitas.
No domingo (1º) a Tribunal de Justiça de SP ordenou a reintegração do prédio na Santa Ifigênia, região central da capital.
A Polícia Militar chegou a entrar no centro na segunda (2), mas um juiz do próprio TJ-SP ordenou o recuo das forças policiais, uma vez que a reintegração não havia sido informada oficialmente aos estudantes.
Foto: Agência Brasil
Pelo menos 12 Etecs e duas escolas estaduais também foram ocupadas por alunos na última semana em protesto contra cortes na Educação, a situação da merenda nos colégios.
Eles também pedem apuração da máfia das merendas paulista. Pela mesma causa e a favor da abertura de uma CPI, outro grupo de estudantes ocupa o plenário da Assembleia Legislativa do Estado desde terça (3). Já foi pedida a reitegração de posse para o prédio do governo.
Com repórter Jovem Pan Carolina Ercolin
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