Polícia sul-africana faz junto com exército operação contra xenofobia

  • Por Agencia EFE
  • 21/04/2015 23h54

Johanesburgo, 22 abr (EFE).- A polícia sul-africana tomou o controle nesta terça-feira, com o apoio do exército, de um dos epicentros da violência xenófoba que deixou sete mortos e milhares de deslocados no país, em uma operação que encheu o centro de Johanesburgo de soldados.

A Agência Efe constatou que dezenas de policiais fortemente armados invadiram logo após a meia-noite, cobertos pelos militares, o imenso albergue de trabalhadores exclusivamente masculino e de maioria zulu do bairro de Jeppestown, no coração de Johanesburgo.

Seus moradores tinham provocado nos últimos dias alguns dos piores ataques contra imigrantes que a África do Sul já viveu, além de terem bloqueado o trânsito, queimado carros e edifícios e levantado barricadas na calçada.

No interior do complexo, de vários andares, a polícia obrigou os moradores a se deitarem no chão dos estreitos corredores, de paredes descascadas e sujas como o piso, para inspecionarem os dormitórios um a um.

Os moradores seguiram as ordens da polícia e não criaram resistência durante a revista. Muitos deles foram surpreendidos enquanto dormiam nos pequenos e precários cômodos.

A polícia deteve quatro pessoas e apreendeu grandes quantidades de álcool e maconha, além de equipamentos de música, computadores, impressoras e outros bens que poderiam ser roubados.

Os moradores também tiveram suas impressões digitais registradas, para depois serem comparadas com as armazenadas nas bases de dados da polícia.

À medida que a polícia acabava de revistar os diferentes edifícios que formam o albergue, os residentes poaravam nas escadas exteriores para acompanhar a movimentação.

Após o exército deixar o local os ocupantes do albergue voltaram a se mostrar desafiantes, xingando a polícia e os jornalistas.

Construídos durante a época de domínio branco para alojar mineiros vindos de outras regiões, estes albergues continuam a abrigar trabalhadores não qualificados ou desempregados, e são frequentemente centros de delinquência em um dos países mais violentos do mundo.

Segundo fontes policiais, as batidas em edifícios suspeitos de alojar bandidos, não necessariamente relacionados com os ataques a imigrantes, e pontos quentes da onda de xenofobia continuarão hoje e nos próximos dias em Johanesburgo e outras partes do país.

Boa parte dos edifícios do centro de Johanesburgo está ocupada pela máfia, que administra os imóveis e cobra aluguel dos inquilinos ilegalmente.

Presente nas imediações do albergue de Jeppestown, a delegada Riah Phiyega, afirmou que a ação conjunta com o exército tem como objetivo “recuperar as ruas”.

A necessidade de combater a violência xenófoba é vista por muitos observadores como uma desculpa para melhorar a segurança nas ruas.

A ministra Mapisa-Nqakula explicou que estas missões têm como objetivo “recuperar a autoridade” de um Estado que nas últimas semanas se viu desafiado pelos atos de saques contra lojas estrangeiras e agressões a imigrantes.

A violência xenófoba se intensificou na África do Sul no final de março, depois de o rei do povo zulu pedir aos imigrantes africanos que saíssem da África do Sul.

Os atos contra estrangeiros começaram na região oriental de Kwazulu-Natal e se estenderam depois a Johanesburgo, especialmente entre jovens zulus.EFE

mg/cd

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